segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Palavras do Guia Ismael


No livro “Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho”, o autor espiritual Humberto de Campos prossegue na narrativa da história espiritual do Brasil. 

(...)“Em uma de tais assembleias, presidida pelo coração misericordioso e augusto do Cordeiro, fora destacado um dos grandes discípulos do Senhor para vir à Terra com a tarefa de organizar e compilar ensinamentos que seriam revelados, oferecendo um método de observação a todos os estudiosos do tempo. Foi assim que Allan Kardec, a 3 de outubro de 1804, via a luz da atmosfera terrestre, na cidade de Lião. 

Segundo os planos de trabalho do mundo invisível, o grande missionário, no seu maravilhoso esforço de síntese, contaria com a cooperação de uma plêiade de auxiliares da sua obra, designados particularmente para coadjuvá-lo, nas individualidades de Jean Baptiste Roustaing, que organizaria o trabalho da fé; de Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica e de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos mundos, desenhando as maravilhas das paisagens celestes, cooperando assim na codificação kardeciana no Velho Mundo e dilatando-a com os necessários complementos. “

(...)“As primeiras experiências espiritistas, na Pátria do Evangelho, começaram pelo problema das curas. Em 1818, já o Brasil possuía um grande círculo homeopático sob a direção do mundo invisível. O próprio José Bonifácio se correspondia com Frederico Hahnemann. Nos tempos do segundo reinado, os mentores invisíveis conseguem criar, na Bahia, no Pará e no Rio de Janeiro, alguns grupos particulares, que projetavam enormes claridades no movimento neo-espiritualista do continente, talvez o primeiro da América do Sul.” 

(...) “Houve na alocução de Ismael uma breve pausa. Depois, encaminhando-se para um dos dedicados e fiéis discípulos, falou-lhe assim: — Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração. 

Não precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza dessa missão; mas, com a plena observância do código de Jesus e com a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos, à força de perseverança e de humildade, consolidando os primórdios de nossa obra, que é a de Jesus, no seio da pátria do seu Evangelho. Se a luta vai ser grande, considera que não será menor a compensação do Senhor, que é o caminho, a verdade e a vida. Havia em toda a assembleia espiritual um dino (digno) silêncio.” 

(...) “O discípulo escolhido nada pudera responder, com o coração palpitante de doces e esperançosas emoções, mas as lágrimas de reconhecimento lhe caíam copiosamente dos olhos. Ismael desfraldara a sua bandeira à luz gloriosa do Infinito, salientando-se a sua inscrição divina, que parecia constituir-se de sóis infinitésimos. Uma vibração de esperança e de fé fazia pulsar todos os corações, quando uma voz, terna e compassiva, exclamou das cúpulas radiosas do Ilimitado: — Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos trabalhadores de boa-vontade! 

Relâmpagos de luminosidade estranha e misericordiosa clareavam o pensamento de quantos assistiam ao maravilhoso espetáculo,  enquanto uma chuva de aromas inundava a atmosfera de perfumes balsâmicos e suavíssimos. Sob aquela bênção maravilhosa, a grande assembleia dos operários do Bem se dissolveu. 

Daí a algum tempo, no dia 29 de agosto de 1831, em Riacho do Sangue, no Estado do Ceará, nascia Adolfo Bezerra de Menezes, o grande discípulo de Ismael, que vinha cumprir no Brasil uma elevada missão. “

A OBRA DE ISMAEL 

(...) “O grande movimento preparatório do Espiritismo em todo o mundo tinha, no Brasil, a sua repercussão, como era natural.”

(...) “Introduziram vários serviços de beneficência no Brasil e traziam por lema, dentro da sua maravilhosa intuição, a mesma inscrição divina da bandeira de Ismael — "Deus, Cristo e Caridade". Indescritível foi o devotamente de ambos à coletividade brasileira, à qual se haviam incorporado, sob os altos desígnios do mundo espiritual. 

Nas suas luminosas pegadas, seguiram, mais tarde, outros pioneiros da homeopatia e do Espiritismo, na Pátria do Evangelho. Foram eles, os médicos homeopatas, que iniciaram aqui os passes magnéticos, como imediato auxílio das curas. Hahnemann conhecia a fonte infinita de recursos do magnetismo espiritual e recomendava esses processos psicoterápicos aos seus seguidores.” 

(...) “As falanges de Ismael estavam vigilantes. Sugeriram aos espiritistas brasileiros a necessidade de criar, no Rio, um núcleo central das atividades, que ficasse como o órgão orientador de todos os movimentos da doutrina no Brasil. Um dos emissários de Ismael, que dispunha de maiores elementos no terreno das afinidades mediúnicas, para se comunicar nos grupos particulares organizados na cidade, adotou o pseudônimo de Confúcio, sob o qual transmitia instrutivas mensagens e valiosos ensinamentos. 

Em 1873, fundava-se, com estatutos impressos e demais formalidades exigidas, o "Grupo Confúcio", que constituiria a base da obra tangível e determinada de Ismael na terra brasileira. Por esse grupo passaram, na época, todos os simpatizantes da doutrina e, se efêmera foi a sua existência como sociedade organizada, memoráveis foram os seus trabalhos, aos quais compareceu pessoalmente o próprio Ismael, pela primeira vez, esclarecendo os grandes objetivos da sua elevada missão no país do Cruzeiro.” 

(...) “Logo depois, Bezerra de Menezes foi chamado ao seu apostolado. Bezerra de Menezes traz consigo a palma da harmonia, serenando todos os conflitos. Estabelece a prudência e a discrição entre os temperamentos mais veementes e combativos. A obra de Ismael, no que se referia às luzes sublimes do Consolador, estava definitivamente instalada na Pátria do Cruzeiro, apesar da precariedade do concurso dos homens. As divergências foram atenuadas, para que a tranquilidade voltasse a todos os centros de experimentação e de estudo. Assim foi fundada, no Rio, a Federação Espírita Brasileira, sede diretora no plano tangível dos trabalhos da obra de Ismael no Brasil.” 

(...) O autor espiritual encerra a narrativa da história espiritual do Brasil com as seguintes palavras: “Que as falanges de Ismael possam, aliadas a quantos se desvelam pela sua obra divina, reunir o material disperso e que a Pátria do Evangelho mais ascenda e avulte no concerto dos povos, irradiando a paz e a fraternidade que alicerçam, indestrutivelmente, todas as tradições e todas as glórias do Brasil. “

(“Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho”, Espírito Humberto de Campos, Francisco Cândido Xavier, FEB, p.124-169) 

Notas de Lucia Rocha:
 1. Ao “Grupo Confúcio”, nome anterior da Federação Espírita Brasileira, se deve a revelação de que Ismael é o Guia do Brasil.  Esta informação está em “Escorço histórico da Federação Espírita Brasileira”, no capítulo “As origens da Federação”. A Federação é chamada Casa de Ismael pelo próprio Guia do Brasil.

2. No segundo parágrafo do texto acima de Humberto de Campos,  o nome de Jean Baptiste Roustaing é citado pelo Guia Ismael como coadjuvante de Allan Kardec. Portanto, a obra de Roustaing “Os Quatro Evangelhos”,  cuja principal  revelação é a natureza fluídica do corpo de Jesus, é uma obra importante para a Doutrina Espírita. O próprio Bezerra de Menezes, um dos fundadores da Federação Espírita Brasileira e seu presidente por três vezes consecutivas, fazia palestras públicas sobre essa obra,  como está em “Lindos casos de Bezerra de Menezes”, de Ramiro Gama, da Lake (Livraria Allan Kardec Editora).

Profa. Lucia Rocha

Imagem: https://beijodoespirito.files.wordpress.com/2011/05/anjos-tocando-instrumentos4.jpg

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