terça-feira, 1 de setembro de 2015

Ética - Os Vícios Morais 1

Madona da cadeira, Raphael

Para sua reflexão 

“Da conduta dos indivíduos depende o destino das organizações.”  (André Luiz)

A Ética é uma divisão da Filosofia que estuda a Moral, ou seja, que faz uma reflexão sobre o sentido  das regras morais de uma  sociedade.  A Moral é um conjunto de regras para bem viver numa sociedade. A Ética analisa as virtudes e os vícios, que fazem parte da moral de uma sociedade. 

O Livro dos Espíritos (LE) de Allan Kardec afirma que o contrário de virtude é o vício moral ou imperfeição humana. O LE cita o egoísmo como o vício moral mais grave porque ele é o contrário do amor.  O LE cita também  a avareza, filha do egoísmo, igualmente o contrário do amor. O livro Obras Póstumas, de Allan Kardec, cita o orgulho como um grande vício moral, do qual se origina o egoísmo.

“O egoísmo, esta chaga da Humanidade, tem de desaparecer da Terra, porque impede seu progresso moral. [...] O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, sua força, sua coragem. Digo: coragem, porque é preciso mais coragem para vencer a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que este monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é a fonte de todas as misérias terrenas. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens. [...]. ( Kardec, Allan. “O Evangelho segundo o Espiritismo”,  Cap.11, item 11.)

 [...] “O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais o homem se prende aos bens deste mundo, tanto menos compreende o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, ele prova que vê o futuro de um ponto de vista mais elevado. (Kardec, Allan. Questão 895, “O Livro dos Espíritos”) 

“A humildade e o orgulho são os dois polos do coração humano: um atrai todo o bem; o outro, todo o mal; um tem calma; o outro, tempestade; a consciência é a bússola que indica a rota conducente a cada um deles.” [...] (Kardec, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos, vol. 16.) 

Outros vícios morais

A maledicência e a inveja são grandes vícios morais. A inveja pode destruir uma comunidade inteira levando ao fracasso uma missão coletiva. O livro Ave, Cristo, romance histórico ditado pelo Espírito  Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, relata  uma história verídica do início do Cristianismo onde a inveja  destrói a missão de uma comunidade cristã. 

Segundo André Luiz, a impaciência é um vício moral grave. Ela vive acompanhada pela irritação e pela intolerância a certas pessoas, coisas, acontecimentos e sofrimentos físicos e morais. O impaciente não sabe sofrer perdas materiais nem morais e tem dificuldade para ensinar, justamente por ser impaciente. O impaciente não sabe relevar, muito menos perdoar, tem muito que aprender, o que muitas vezes ele só  consegue após muitas reencarnações através do sofrimento.    

A ambição desmedida para as coisas materiais também é um vício tão grave quanto o orgulho, como declaram os espíritos superiores nos Prolegômenos de O Livro dos Espíritos. Por causa dela, muitas pessoas se tornam workaholics e por isso desgastam-se em demasia chegando a esgotar precocemente seu fluido vital que está no duplo etéreo. Assim, a ambição desmedida pode ser a causa do suicídio inconsciente de um encarnado. 

A preguiça é um dos piores vícios morais. A preguiça é a falta de capricho, de esmero, de empenho, é a negligência, o desleixo, a morosidade, a lentidão, a ausência do serviço.  O preguiçoso é o contrário do “workaholic”,  pois, mesmo trabalhando,  ele faz o estritamente necessário, apenas para “fazer média” e muitas vezes reclamando de tudo e de todos. Ele não tem amor ao trabalho porque não gosta de trabalhar.  Num trabalho de equipe, o preguiçoso atrasa o serviço conjunto porque faz “corpo mole”. O preguiçoso é um campeão de desculpas que inventa para fugir de fazer  adequadamente um serviço ou  dever, por isso ele se enrosca numa teia de mentiras. 

O adulto preguiçoso tem o emocional imaturo; ele não percebe que a sua preguiça acarreta a sobrecarga das outras pessoas. Sua lei é a do menor esforço ou do esforço ausente.  O preguiçoso não é apenas o que nada faz, mas também o que faz o mínimo indispensável  e por isso atrapalha o andamento do projeto, do trabalho, da vida coletiva.  O preguiçoso é um parasita social. Sua colaboração é insignificante para a economia da nação.     

A mentira é o escudo dos fracos, dos que não têm a coragem de enfrentar a realidade dos seus erros. Errar é humano, mas assumir o erro é ser adulto responsável,  é ter caráter. Se errou, a etapa seguinte é pedir desculpas, procurando corrigir o erro quando possível.  E como a mentira tem pernas curtas, o mentiroso muitas vezes se enrosca todo porque esquece o quanto já mentiu para não assumir os seus erros. Quem mente vive do desculpismo, a invenção de mil desculpas para não enfrentar as consequências dos próprios erros; é emocionalmente imaturo, irresponsável.  No fundo, o mentiroso  é um pobre coitado,  que  engana somente os ingênuos.    

A intransigência é o vício moral de quem não transige, não releva, não suporta, não perdoa. O intransigente não deixa passar nenhuma falha do próximo, como se ele fosse perfeito, esquecendo-se de que somente Deus o é. O intransigente faz tempestade em copo d’água, julga com extrema severidade e por isso comete muita injustiça.  É um mau juiz. 

O “não voltar atrás” é um vício moral terrível, filho do orgulho. No passado, por exemplo, alguns papas voltaram atrás em decisões importantes. Certamente passaram vergonha, ouviram críticas. Mas,  eles foram humildes e tudo toleraram, pois naquele momento eles eram a igreja, tinham nas mãos o destino coletivo que eles priorizaram. E deu certo. Foram  líderes inteligentes e acima de tudo demonstraram coragem e fortaleza moral no cumprimento do dever.  

Tem gente que descobre que está errado, mas não “volta atrás” nunca, é um poço de orgulho!  E ignorância. Pior que muitos mantêm a opinião, mesmo que saibam que ela pode prejudicar a coletividade. “Voltar atrás”, mudar de opinião, quando necessário, é para os inteligentes e fortes,  com isso possibilitando um melhor caminho para o desenvolvimento  do projeto, do trabalho, da vida coletiva. Quem muda de opinião quando necessário cumpre retamente os seus deveres e não perde as boas oportunidades.  

“Não assumir o erro” é um vício moral muito difundido. Quando a gente erra, tem de assumir o erro e pedir desculpa, consertando o estrago se for possível. Errar é humano, inteligente é quem reconhece o erro e pede desculpa.  Isso é também ter caráter. Quando as crianças erram, cometem pequenas falhas, como quebrar objetos de estimação ou fazer uma “arte”,  é preciso que o adulto lhe ensine que ela não vai ser castigada por assumir o erro,  por pior que seja. Tem adulto que bate na criança pelas suas travessuras. Então, para fugir  do castigo, a criança aprende a mentir . Esse adulto desencaminha a criança.    

O perfeccionismo, vício moral da modernidade, é o querer fazer tudo na extrema perfeição, esquecendo-se de que perfeito só o é Deus. O perfeccionismo é ligado ao vício da vaidade. Por exemplo, o perfeccionista, se é um chefe de escritório, sacrifica seus funcionários por exigir deles uma “perfeição” absurda no cumprimento das tarefas. 

É certo que as tarefas devem ser bem feitas, mas o que passa disso atormenta os outros tornando o convívio social difícil. O mesmo  se dá com o perfeccionismo no meio de um casal, é briga na certa. E também dos pais que exigem absurdos do rendimento escolar das crianças e adolescentes, que ainda estão aprendendo a viver, somente para exibir as notas altas dos filhos aos amigos, pura vaidade desses pais. Não confundir  a vaidade exibicionista com uma certa vaidade, necessária para a boa apresentação pessoal que começa com a higiene. André Luiz diz que o banho diário é simples obrigação.     

A teimosia. Não confundir com a virtude da persistência que é a perseverança, o continuar com firmeza no bom caminho. Para o teimoso se aplica o ditado popular: ”Errar é humano, persistir no erro é burrice.” O teimoso é o “cabeça dura”. Ele  não muda de opinião nunca e por isso não muda de caminho quando precisa, chegando a perdas lastimáveis. O teimoso é um poço de orgulho, acha que a sua opinião é a melhor coisa que existe, por isso não aceita  a ajuda de ninguém. Com isso, ele  pode perder grandes oportunidades na vida. O teimoso é tão prejudicial quanto o preguiçoso na vida coletiva. Muitas vezes eles são a mesma pessoa: o preguiçoso nada ou pouco faz e o teimoso permanece fazendo errado. O teimoso e o preguiçoso atrapalham o bom andamento do projeto, do trabalho, da própria vida e da vida coletiva.

O desperdício deve ser evitado nas menores coisas da nossa vida diária. O contrário do desperdício é a economia de água, de luz, de alimentos, de dinheiro, de roupas, de materiais, etc. O desperdício atrai a miséria material. Severas contas também nos serão tomadas pela Divina Providência pelo nosso desperdício do tempo ou pelo seu mau uso. O tempo, esse bem precioso, mal valorizado pelos humanos.  

O sarcasmo é um vício muito difundido. Muitas pessoas costumam dizer: “Que ótimo que você fez tudo errado!” O sarcasmo tem a intenção de afrontar e ofender as pessoas. No mínimo é deselegante e pouco inteligente.  

Quem tem ciúme não tem confiança em si mesmo, é inseguro e por isso atormenta a pessoa amada, destrói o bom relacionamento.    

Quanto ao palavrão, a palavra de Jesus: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.” (Lucas, 6:45) 

Podemos listar ainda os seguintes vícios morais: o apego ao poder, o rancor, a vingança, etc.  (continua)

Fontes:

“O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.  “Nosso Lar” e os livros “Estude e viva” e “Sinal Verde”, estes dois últimos sobre boa conduta,  todos do Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, FEB.

Profa. Lúcia Rocha

Imagem: https://c1.staticflickr.com/9/8425/7854705834_65d9c0e3e0_b.jpg


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seus comentários são o combustível de todo estes trabalhos... Obrigada