terça-feira, 1 de setembro de 2015

A História da Arte 2

O império do belo

Entre 520 e 420 a.C., aproximadamente, tinha ocorrido o grande despertar da arte para a liberdade. No final do século V a.C., os artistas já tinham plena consciência da sua mestria. Os artistas eram vistos como meros artífices de trabalhos com finalidades religiosas ou políticas. Mas, cada vez mais as pessoas viam os trabalhos deles  como obras de arte. As chamadas “escolas” de arte usavam métodos,  estilos e tradições diferentes. A competição incentivavam os artistas a esforços constantes. 

Na arquitetura começaram a ser usados estilos diferentes. O Partenon tinha sido construído no estilo dórico, mas nos edifícios posteriores  a essa acrópole foi introduzido o estilo jônico. As colunas do estilo jônico são um tipo de hastes estreitas e o capitel (remate da coluna) torna-se ricamente decorado conferindo graciosidade e leveza ao conjunto dessas construções. A pintura e a escultura desse período também são marcadas por graciosidade e leveza.

Mas, nessa época, Atenas esteve em guerra com Esparta que pôs fim à cultura grega. As esculturas do Partenon foram deploravelmente mutiladas. Mesmo assim, ainda se pode admirar a beleza de uma jovem sem cabeça e sem mãos, como a deusa da Vitória (408 a.C.). E assim, gradualmente durante o século IV,  o enfoque da arte foi se transformando. Os gregos educados então conversavam sobre pinturas e estátuas como obras de arte assim como discutiam sobre teatro e poemas. Elogiavam sua beleza ou criticavam sua concepção. 

Deusa da Vitória

Praxíteles era o maior artista desse século. Sua obra era fascinante pela doçura. Seu trabalho mais famoso, em mármore branco,  era Afrodite, a deusa do amor, entrando no banho. Mas, esse trabalho desapareceu. No século XIX, encontrou-se no santuário de Olímpia uma estátua em mármore, uma suposta cópia do bronze, atribuída a Praxíteles. Ela representa o deus Hermes segurando o jovem Dionísio no braço. 

Hermes, Praxíteles

Em duzentos anos, a arte grega percorreu um longo caminho. Na obra de Praxíteles desapareceu qualquer traço de rigidez. O deus se ergue numa postura descontraída sem contudo perder a dignidade. As estátuas gregas são a reprodução do corpo humano mais simétrico e belo. A arte colocara o indivíduo num delicado equilíbrio. Era o corpo que expressava “a atividade da alma”, como disse Sócrates.

Afrodite, Praxíteles

A Vênus de Milo (assim chamada porque foi encontrada na ilha de Melos) é a mais conhecida entre as estátuas clássicas de Vênus. Atualmente ela encontra-se sem braços no Museu do Louvre, em Paris. 

Vênus de Milo

Foi na época de Alexandre que os artistas começaram a fazer esse tipo de retrato expressivo que revelava a alma. Lisipo é o escultor desse período. Ele era o artista oficial do palácio de Alexandre, por isso fez desse uma cabeça em mármore ( cerca de 300 a.C.; museu Arqueológico, Istambul). Mas, a cabeça de Alexandre parecia mais de um deus do que de um conquistador da Ásia.

Alexandre, Lilsipo

Quando Alexandre fundou seu império, a arte grega tornou-se a expressão de meio mundo. O período seguinte passou a ser conhecido como arte helenística (dos helenos, gregos) por ser o nome dado aos impérios fundados no oriente pelos sucessores de Alexandre . As cidades mais importantes  desses impérios eram Alexandria no Egito, Antióquia na Síria e Pérgamo na Asia Menor. Os artistas tornaram-se mais exigentes do que na Grécia. Até na arquitetura as formas simples dos estilos dórico e jônico não eram consideradas suficientes. Então, inventaram o estilo coríntio (da cidade Corínto) acrescentando folhagens no capitel (cabeça) das colunas.   

No período helenístico, a arte grega sofre  profunda mudança. Um exemplo é O altar de Zeus de Pérgamo (160 a.C.) que representa a luta entre deuses e gigantes em que aqueles são vitoriosos(Staatliche Museen, Berlim).; autor desconhecido. A escultura desse grupo de pessoas produz efeitos teatrais num movimento desordenado e vestes esvoaçantes.  A arte helenística desejava impressionar e o conseguia. 

O altar de Zeus

Algumas obras do período helenístico foram muito admiradas em períodos posteriores. Por exemplo,  Laocoonte e seus filhos (Museu do Vaticano) representa uma cena descrita na “Eneida” do poeta Virgílio. Conta a história que o sacerdote troiano Laocoonte advertiu seus compatriotas para não aceitarem o cavalo de madeira onde se escondiam os soldados gregos. Vendo contrariados os seus planos de destruição de Troia,  os deuses enviaram duas gigantes serpentes do mar que envolveram o sacerdote Laocoonte e seus dois filhos e os estrangularam.  Esta é a cena esculpida. Autor desconhecido. 

Estátua de Laocoonte 

O fato é que no período do helenismo, a arte grega provavelmente já havia perdido suas vinculações com a magia e a religião. Nessa época, as pessoas ricas começaram a colecionar obras de arte, mandando fazer cópias das mais famosas se não pudessem adquirir as originais e pagando preços altíssimos quando adquiriam os originais. 

Os escritores começaram a escrever sobre os artistas e também inventaram guias para visitantes. Muitos  mestres antigos foram pintores cujas notícias chegaram até nós através de trechos dos livros de arte clássica. Os pintores não se interessavam muito por obras religiosas, preferiam pintar cenas cotidianas, mas estas obras se perderam. (continua)

Fonte:
Gombrich, E.H. , A história da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 2009

Profa. Lúcia Rocha

Imagens:

http://www.portalraj.com.br/wp-content/uploads/2013/11/NICE_DEUSADAVITORIA.jpg

http://www.fotoseimagenes.net/imagenes/full/0/6/3/praxiteles-1.jpg

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9a/Cnidus_Aphrodite_Altemps_Inv8619.jpg

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9c/MG-Paris-Aphrodite_of_Milos.jpg

https://c2.staticflickr.com/6/5302/5665457023_3b1b76d552.jpg

https://comunicacaoeartes20122.files.wordpress.com/2012/12/o-altar-de-zeus.jpg        

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7e/Laoco%C3%B6n_and_His_Sons.jpg

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