terça-feira, 29 de setembro de 2015

A história da Arte-6

Em 1504, época em que Michelangelo e Leonardo competiam em Florença, ali chegou um jovem pintor da pequena cidade de Urbino. Era Rafaello Santi, a quem conhecemos como Rafael (1483-1520), que realizou trabalhos bastante promissores na oficina de Perugino. Este precisava de um grupo de aprendizes para ajudá-lo nas muitas encomendas que recebia. Ele pintava retábulos e tinha aprendido a usar o sfumato de Leonardo para evitar uma aparência dura e rígida nas figuras. Ele pintou o retábulo Aparição da Virgem a S.Bernardo. 

(Nota: “retábulo”, painel com motivo religioso colocado acima ou atrás do altar.)

Aparição da Virgem a S.Bernardo, Perugino

Foi nessa atmosfera que o jovem Rafael cresceu e não tardou a dominar a maneira do seu professor. Rafael estava decidido a aprender. Ele não tinha tanto conhecimento como Leonardo nem a força de Michelangelo. Ele tinha uma doçura de temperamento que o recomendava aos mecenas (patrocinadores da aristocracia) influentes.

Para muitos ele é simplesmente o pintor de doces madonas que de tanto serem reproduzidas por pouco deixaram de ser apreciadas como pinturas. Vemos reproduções dessas obras em humildes moradas. Mas, sua evidente simplicidade é fruto de uma reflexão profunda, planificação cuidadosa e imensa sabedoria artística. Um exemplo é a Madonna del Granduca, de 1505.

Madona del Granduca, Raphael

Essa madona é um exemplo “clássico” para as incontáveis gerações à semelhança do que ocorrera com as obras dos escultores Fídias e Praxíteles da Grécia antiga. Rafael atingiu a simplicidade com sua pintura. A face da Virgem é modelada e se esbate na sombra, o volume do corpo é sentido envolto no manto que flui livremente; a firmeza e a ternura como ela segura o Menino Jesus, tudo contribui para o efeito de um impecável equilíbrio. Qualquer mudança perturbaria  o conjunto. É como se não pudesse ser de outro modo, como se assim existisse desde o início dos tempos.

Depois de alguns anos em Florença, Rafael foi para Roma. Ali chegou quando Michelangelo estava começando a trabalhar no teto da Capela Sistina. O Papa Júlio II logo arranjou trabalho para esse jovem e cordial artista. Pediu-lhe que decorasse as paredes de várias salas do Vaticano que tinham passado a ser conhecidas como stanze (aposentos). Rafael fez uma série de afrescos com grande domínio nas paredes e tetos dessas salas. Essas pinturas são melhor apreciadas na sua interrelação como um todo e não nos detalhes separados. 

Rafael pintou depois A ninfa Galatéia na residência de verão de um rico banqueiro, Agostino Chigi. Era a bela ninfa marinha deslizando sobre as ondas num carro puxado por dois golfinhos, rindo de uma canção enquanto o alegre séquito de outras ninfas e divindades marinhas dançavam e tocavam em torno dela.

A ninfa Galatéia, Raphael

Rafael foi considerado o artista que realizou o que a geração mais antiga se esforçara em conseguir: a perfeita composição de figuras movimentando-se livremente. Outra qualidade na sua obra: a pura beleza de suas figuras. Ele não tinha modelos para suas figuras, apenas seguia uma “certa ideia” formada na sua mente.   

Foi por sua realização que Rafael permaneceu famoso através dos séculos. Ele não pintou só madonas. Além de Galatéia, pintou outros retratos como do Papa Leão X, da família Medici, seu grande patrono. Pintou também, como dito acima, muitos afrescos. Rafael morreu aos 37 anos. 

Veneza e Itália Setentrional, início do século XVI

Ticiano em sua longa vida (1485-2576) quase ombreou em fama com Michelangelo. Ele resgatou a tradição dos retratos e retábulos. Sua maior fama são os retratos.   

Retrato de um homem, o Jovem inglês, Ticiano

Depois vem Antonio Allegri, apelidado Correggio (1489-1534). Ele se instruiu com os discípulos de Leonardo no tratamento de luz e sombra. Uma de suas obras mais famosas é a Santa Noite: a luz que o Menino irradia envolve sua mãe. 

A Santa Noite, Correggio

Outra característica na obra de Correggio que foi imitada em todos os séculos ulteriores: é o modo como ele pintou os afrescos dos  tetos e cúpulas de igrejas. Tentou dar aos fieis da nave de baixo a ilusão de que o teto estava aberto e de que eles olhavam diretamente para a glória do Céu. (continua) 

A Assunção da Virgem, Correggio

Fonte:

Gombrich, E.H., A História da Arte, Rio de Janeiro, LTC, 16ª edição

Profa. Lúcia Rocha

Imagens:

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