segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A História do Cavalo

Hyracotherium

A mitologia grega tem na imagem do centauro - metade homem, metade cavalo - um ser forte, inteligente e perigoso. Não era para menos. Deve ter sido aterrorizante para os gregos antigos, que nunca tinham visto uma pessoa montada naquele animal, enfrentar um bando de cavaleiros com arco e flecha invadindo seu território, saqueando riquezas e fugindo velozes. A figura do centauro provavelmente foi inspirada nos povos nômades da Ásia central, que começaram a atacar os assentamentos agrícolas no século II a.C. 

A destreza, a coordenação e a rapidez dos cavaleiros surpreenderam aquelas comunidades. Como era possível dominar um cavalo assim? Na verdade, o processo de domesticação foi demorado e não se sabe exatamente quando o homem começou a montar. 

Mas é certo que, a partir do momento em que isso aconteceu, surgiu uma nova forma de organização. Os cavalos passaram a ajudar na agricultura, a servir como meio de transporte e como armas de guerra, mudando a balança de poder entre as civilizações até a primeira metade do século XX quando as máquinas começaram a ser usadas nas batalhas. Por meio do manejo do cavalo, o homem das estepes atingiu uma organização socioeconômica de grande sucesso.

O cavalo existe há 55 milhões de anos. O gênero mais antigo de que se tem notícia é o Hyracotherium, que tinha a altura de um pônei e dedos nas patas. 

Há cerca de 3 milhões de anos surgiu a espécie Equus, ancestral do cavalo atual. Dotada de cascos, ela se espalhou por vários continentes.

Uma das mais importantes características do cavalo  é que ele precisa de um líder,  o que permitiu o sucesso do seu relacionamento com o homem. Sua vontade de transferir lealdade determinou o reconhecimento humano no lugar de outro equino como guia. E lá se foram juntos, homem e cavalo, rumo ao desenvolvimento das sociedades.

Entre as comunidades nômades que domesticaram o animal, os hunos se destacaram. Eles podiam passar dias seguidos montados num cavalo. Até dormiam nas costas do animal, que servia de alimento, tração e transporte.  No século V, Átila, o rei dos hunos,  devastou cidades inteiras com sua cavalaria.

Aos poucos, os demais povos aprenderam as habilidades equestres dos nômades. Ao conviver com o homem sedentário, o cavalo passou a ter outro papel, mais atrelado à vida econômica. As primeiras academias de equitação foram criadas na Idade Média, baseadas em técnicas violentas de conduta.

Todos os inventos europeus para economizar tempo foram inspirados no cavalo e na equitação, que acabaria lhe dando o domínio do mundo.  A nobreza do noroeste europeu foi responsável pela difusão do uso do cavalo numa rede de comunicação que depois se transformaria nos correios. Até as calças foram inventadas para a equitação e depois adaptadas para o uso cotidiano. Nas cidades, os cavalos distribuíam todos os produtos agrícolas e manufaturados e ainda ofereciam locomoção para as viagens. 

No Renascimento, Federico Grisone descobriu o que seria uma glória para a equitação clássica  e um alívio para os cavalos. Suas buscas em textos sobre os equinos renderam a descoberta do mais antigo texto sobre cavalaria, o Manual da Equitação, escrito pelo general grego Xenofonte, em 400 a.C. A obra, que tinha ficado desaparecida por 1.800 anos, oferece uma abordagem mais branda para o adestramento, sugerindo paciência e racionalidade no tratamento dos animais. 

E o tempo passou. Logo que os carros chegaram, no início do século XX, era difícil acreditar que o animal fosse substituído, mesmo nos anos de 1940. Ninguém imaginava que tantos avanços tecnológicos em energia e transporte pudessem torná-lo dispensável. Mas foi o que aconteceu. Hoje os cavalos estão praticamente restritos às zonas rurais e centros esportivos.

Ele já serviu de correio e meio de transporte. Ajudou a erguer e a afundar exércitos. Hoje virou esporte de luxo. Carregando o homem em seu lombo, o cavalo ajudou a construir civilizações. 

O cavalo no Brasil 

Os primeiros cavalos chegaram no Brasil na época do descobrimento.

Como não havia cavalos nas Américas, os colonizadores foram trazendo tropas da Europa a cada viagem de caravela. 

Os espanhóis espalharam cavalos na região onde hoje ficam a Argentina, o Uruguai e o Sul do Brasil. Os portugueses levaram para São Paulo, Rio de Janeiro e todo o Nordeste. Os holandeses para Pernambuco. Os franceses também trouxeram e esses animais foram se espalhando de modo que, em meados do século XVIII, já era intenso o comércio de tropas no país.

O PIQUIRA

Por volta de 1800, animais de elite começaram a ser mandados para cá. Foi esse o começo da formação do mangalarga e da miniatura dele: o piquira.

A Fazenda Bom Destino, no município de Rio Novo, perto de Juiz de Fora, MG, é um dos raros criatórios onde ainda se encontra tropa de piquira.

Ultimamente, a raça deu uma esfriada, como explica Carlos Oscar Niemeyer, neto do arquiteto que ajudou a criar Brasília.

A lida na fazenda, que cria gado guzerá, é feita com o piquira. Ele é ágil, bom de manobra, cumpre o serviço como um cavalo grande faz.

A palavra piquira vem do tupi e quer dizer 'pequeno'. Ele é menor que um jumento pega e maior que o pônei europeu. Tem o tamanho perfeito para o ensino da equitação infantil.

A belga Françoise Denis, que montou escolinha para crianças tanto na Hípica de São Paulo como do Rio de Janeiro, não precisou mais importar pôneis depois que conheceu o piquira. O animal se presta tanto à equitação básica quanto à avançada, inclusive é bom de salto.

Carlos Oscar explica que o piquira se originou de vários cruzamentos desordenados. Os fazendeiros foram selecionando os de menor porte até formar a raça. O padrão de altura é,  na média, de  1,20 m; ele tem a frente leve, é bem aprumado e de angulações proporcionais.

O MANGALARGA

Um marchador, que deveria ser chamado de cavalo Junqueira, acabou ganhando o nome de mangalarga, derivando-se para duas raças. 

Esta história começa em 1731. O roteiro segue a Estrada Real, uma série de caminhos abertos ainda no tempo da exploração do ouro, que originalmente ia de Villa Rica (atual Ouro Preto, MG) a Paraty, RJ. No município de Cruzília, MG, há 270 anos atrás, um empreendedor português de nome João Francisco Junqueira conseguiu da Coroa uma imensa faixa de terras. Ali ele plantava, criava gado e cavalos.

O que o pioneiro Junqueira fez foi aprimorar o negócio contando com tropas marchadoras já selecionadas, como a eguada da fazenda Angahy, uma linhagem agora com mais de 300 anos.

A sede da fazenda Angahy, de 1731, ainda está de pé. Ali morava a família Meirelles, que aos poucos foi se casando com os Junqueira, misturando sangue, terras e cavalos.

Quem passa por Cruzília hoje se impressiona com a quantidade de criatórios de cavalos que a região tem: são mais de 200 num raio de 100 quilômetros.

Atualmente, cresce o uso do cavalo em tratamentos terapêuticos e como ferramenta educacional para treinar liderança, por exemplo. O fato é que o cavalo já provou seu valor na Terra. E ainda faz isso, todos os dias.

Equinos Modernos

Equus Ferus Caballus


Fontes:

http://www.mundodosanimais.pt/animais-de-quinta/origem-evolucao-cavalo/

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/entenda-como-cavalos-ajudaram-construcao-historia-689439.shtml

http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2014/03/historia-do-cavalo-mangalarga-passa-por-uma-estrada-real-de-mg.html

Desvendando o Enigma do Centauro, Bjarke Rink, Equus Brasil, 2008

Profª Maria Lucia
Imagens:

http://www.mundodosanimais.pt/wp-media/imagens/origem-evolucao-cavalo-hyracotherium-1.jpg
http://www.mundodosanimais.pt/wp-media/imagens/origem-evolucao-cavalo-equus-ferus-caballus-1.jpg

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