segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A História da Arte - 11

Revolução permanente

A grande Revolução Francesa, em 1789, mudou inevitavelmente toda a situação em que viviam e trabalhavam os artistas.

As academias e exposições, os críticos e entendedores tinham-se esforçado para introduzir uma distinção entre Arte com a maiúsculo e o mero exercício de um ofício, fosse o de um pintor ou de construtor. A Revolução Industrial começou a destruir as próprias tradições do sólido artesanato, o trabalho manual cedeu lugar à produção mecânica, a oficina cedeu lugar à fábrica.

Os resultados mais imediatos desta mudança eram visíveis na arquitetura. A quantidade de construção realizada no século XIX foi provavelmente maior do que a soma de todos os períodos anteriores. A vasta expansão de cidades na Inglaterra e nos Estados Unidos, nessa época, converteu enormes extensões de campo em “áreas construídas”. Mas, não havia um estilo próprio. O arquiteto se contentava em acrescentar à fachada um estilo gótico ou arremedo de castelo normando ou mesquita oriental. As igrejas tinham o estilo gótico na chamada Era da Fé. Para teatros e casas de ópera usava-se o estilo barroco e os palácios e ministérios tinham formas da Renascença italiana. 

Paris tornara-se a capital artística da Europa no século XIX. Na primeira metade do século, destacamos Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867). 

Tinha sido discípulo de David e, como ele, admirava a arte heroica da antiguidade clássica. Ele pintava nus e retratos com perfeição, por isso os seus adversários o achavam insuportável.

O banho turco, Ingres

A Revolução Francesa, Delacroix

O grande revolucionário foi Eugène Delacroix (1798-1863), paisagista que  não aceitava os padrões da Academia. Fazia desenhos corretos e imitava estátuas clássicas. Achava que a cor era mais importante que o desenho e a imaginação mais do que o saber. Ele preferia Rubens e os venezianos. Foi para o norte da África a fim de estudar as cores resplandecentes e as roupagens românticas do mundo árabe. Ele talvez tivesse mais afinidade com o inglês William Turner.  

Camille Corot (1796-1875), paisagista, concentrou-se menos nos detalhes do que na forma e tons gerais para transmitir o calor e a quietude de um dia de verão no Sul.

Ponte de Nantes, Corot

Jean-François Millet (1814-1875) pintava cenas da vida camponesa, homens e mulheres trabalhando no campo. “As respigadeiras” é sua mais famosa tela. 

As respigadeiras, Millet

Gustave Courbet (1819-1877) não queria formosura, queria realidade, verdade. Por isso rejeitava a tradição de Rafael e o estilo grandiloquente. Queria que seus quadros fossem um protesto às convenções do seu tempo; então  retratava a si mesmo em mangas de camisa junto com outras pessoas bem vestidas, como em Boujour, Monsieur Courbet (Bom dia, Senhor Courbet). 

Bonjour, Monsieur Courbet; Courbet

A terceira onda de revolução na França foi representada por Edouard Manet (1832-1883) com seu jogo de luz e sombra; mas as cabeças das figuras não estão modeladas à maneira tradicional como Leonardo da Vinci ou Rubens.    

O balcão, Manet

Claude Monet (1840-1926) insistiu com seus amigos para que abandonassem o ateliê para pintar diante do “motivo”. Ele tinha um pequeno bote que era um estúdio para a exploração do cenário fluvial. 

Monet trabalhando em seu barco; Monet

A esse grupo de pintores impressionistas pertence Pierre Auguste Renoir (1841-1919). Renoir queria realçar as cores brilhantes em combinação com o efeito da luz do sol sobre as figuras, por isso suas telas parecem “esboçadas” e inacabadas. Somente as cabeças do primeiro plano são apresentadas com detalhes, mas de maneira não convencional. O vaporoso vestido é pintado em largas pinceladas, mais soltas. Se ele tivesse pintado todos os detalhes o quadro pareceria enfadonho, sem vida. Os impressionistas usaram as cores escuras nas sombras através do sfumato (esfumaçado) inventado por Leonardo da Vinci, no século XV.

Levou um tempo para o público descobrir que, para apreciar um quadro impressionista, era preciso recuar alguns metros e desfrutar o milagre de ver essas manchas intrigantes se transformarem em beleza. (continua)

Baile no Moulin de la Galette, Renoir

Rosa e azul, Renoir

Retrato, Renoir

Fonte:

A História da Arte, E.H. Gombrich, LTC, RJ, 2009 

Profª Maria Lucia

Imagens:

http://virusdaarte.net/ingres-o-banho-turco/

http://www.artfixdaily.com/images/fl/Feb10_delacroix581500x1174.jpg

http://www.impressionism.ru/images/Corot/bridge_nantes.jpg

http://movimentodaspalavrasarmadas.blogspot.com.br/2009/06/millet.html

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/93/Gustave_Courbet_-_Bonjour_Monsieur_Courbet_-_Mus%C3%A9e_Fabre.jpg

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzx8wITSTl6H_jF7lg4zH9eBPT8AL5lCB1T8eCpAubrAVTOgTYn2zaLEd8hZPmVqCQLOQWfqjYwE72WRDnbQ3skjDvRVWmnNbR3OOHXKTYR_lMH474gSDiniNmsgGfSeDDWchgDBriL_lS/s400/varanda1%5B1%5D.jpg

http://math.univ-lyon1.fr/~alachal/images_page_web/Edouard_Manet_Monet_dans_son_bateau_atelier.jpg

https://lingolunch.files.wordpress.com/2012/09/web_art_academy_au-moulin-de-la-galette_pierre-auguste-renoir1.jpeg

http://www.billerantik.de/gallery2/main.php/d/87738-1/45_Die-Demoiselle-Cahen-d-Anvers_30x50.jpg

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0b/Pierre-Auguste_Renoir_120.jpg

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