terça-feira, 3 de novembro de 2015

A Casa de Machado de Assis

A Academia Brasileira de Letras (ABL) completou 118 anos de fundação em 20 de julho de 2015. A ABL é chamada a Casa de Machado de Assis, seu fundador e primeiro presidente. 

A ABL foi criada nos moldes da Academia Francesa de Letras, pois, na época, Paris era chamada a Cidade Luz, o centro cultural mais importante do mundo. Até hoje Paris detém esse título. 

Na época da fundação da ABL, o francês era a segunda língua mais falada em muitos países, depois da língua  pátria, inclusive pelos intelectuais do Brasil. 

Quando foi fundada, a ABL tinha 30 membros ou Cadeiras. Hoje tem 40 membros efetivos e 20 sócios estrangeiros. A escritora Ana Maria Machado foi a segunda mulher a ocupar o cargo de presidente da ABL pelo biênio 2012-2013. A primeira foi Nélida Piñon, em 1996.

O atual presidente da Academia é Geraldo Holanda Cavalcanti, desde 2014.

Petit Trianon, sede da ABL

Dez curiosidades sobre a Academia Brasileira de Letras

1. A Academia Brasileira de Letras (ABL) foi fundada em 1897 pelos escritores Machado de Assis e Lúcio de Mendonça, inspirada na Academia Francesa de Letras. Seu objetivo é cultivar a língua portuguesa e a literatura brasileira. A ABL é a guardiã oficial da nossa língua pátria. A ABL empenhou-se nos diversos acordos ortográficos da nossa língua; o último foi de 1990. 

A Academia é responsável pela edição de obras de grande valor histórico e literário e atribui diversos prêmios literários. Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) foi o maior escritor do século XIX, lido e apreciado até hoje. Seus romances são pedidos em vestibulares à universidade. 

2. Todas as quintas-feiras os membro da ABL se reúnem para um chá, à tarde, na sede da instituição, no Rio de Janeiro. Na ocasião, eles discutem literatura, língua portuguesa e outros temas da vida brasileira. O ritual existe desde a criação da academia no final do século XIX.

3. O poeta  Olavo Bilac dizia que os escritores eram chamados de imortais "porque não tinham onde cair mortos". Hoje em dia, todos têm o direito de ser enterrados no mausoléu da ABL, no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

4. O alfaiate Francesco Rosalba é o responsável pela confecção do uniforme de gala - ou fardão, como é conhecido - usado pelos imortais em ocasiões formais. De 1979 a 2005, apenas o pernambucano Ariano Suassuna havia se recusado a usar as roupas costuradas por Rosalba.

5. O modelo do fardão é inspirado na roupa dos carabineros da Calábria, Itália. Compõe-se de uma casaca verde musgo bordada com fios de ouro, camiseta, suspensório e um chapéu estilo Napoleão.

6. Alguns imortais foram enterrados usando seus fardões. Foi o caso Francisco  de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (ou Assis chateaubriand ou Chatô). O problema foi que, como ele não usava a roupa havia muitos anos, quando foram vestir o cadáver, tiveram que cortar a parte de trás para caber nele.

7. Na biblioteca da academia, há coleções que pertenceram ao escritor Machado de Assis e aos poetas Olavo Bilac e Manuel Bandeira. Entre as obras raras, figura uma edição de 1572 de "Os Lusíadas", do poeta português Luís Vaz de Camões (1524-1580). 

8. Em 2005, o apresentador e humorista Jô Soares publicou o romance "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras". O lançamento da obra foi realizado no mesmo local onde ocorrem os crimes da trama: o Petit Trianon, sede da Academia Brasileira de Letras. A história conta o caso de um serial killer cujo alvo preferencial são os membros da ABL. (Petit Trianon, do francês Pequeno Trianon).

9. Passaram-se 80 anos até que uma mulher fosse eleita para ocupar uma cadeira na Academia. A primeira foi a escritora  Rachel de Queiroz, em 1977.

10. Os "imortais" têm, em média, 77 anos de idade. Em média, eles foram eleitos aos 63 anos.

Guia dos Curiosos 

Petit Trianon, detalhe

Petit Trianon

Em 1923, o governo francês doou à Academia Brasileira de Letras um prédio, réplica do Petit Trianon do Palácio de Versalhes, em Paris. Ele foi construído no ano anterior para abrigar o pavilhão da França na Exposição Internacional comemorativa do Centenário da Independência do Brasil, no Rio de Janeiro. 

Primeira sede própria da Academia, o prédio funciona até os dias de hoje como local para as reuniões regulares dos Acadêmicos e para as Sessões Solenes comemorativas e de posse dos novos membros da ABL. 

(Nota: do francês, Petit Trianon, Pequeno Trianon)

As salas

No jardim, junto à entrada do Petit Trianon, encontra-se um dos mais conhecidos símbolos da Casa: a escultura em bronze de Machado de Assis, de autoria de Humberto Cozzo.

O Saguão, com piso em mármore, lustre de cristal francês e peças de porcelana de Sévres, conduz ao Salão Nobre, ao Salão Francês e à Sala Francisco Alves. O andar térreo compreende a Sala dos Poetas Românticos, a Sala Machado de Assis e a Sala dos Fundadores.

No Salão Francês, o Acadêmico eleito cumpre a tradição de permanecer sozinho, em momentos de reflexão, antes da cerimônia de posse. A seguir, Acadêmicos especialmente designados buscam o novo confrade e o introduzem no Salão Nobre, onde será empossado na Cadeira para a qual foi eleito.

À semelhança da Academia Francesa, nas solenidades, os imortais brasileiros usam o fardão, vestimenta verde escuro com folhas bordadas a ouro, que tem como complemento um  chapéu de veludo negro com plumas brancas e uma espada. As Acadêmicas, mulheres que passaram a integrar a Casa de Machado de Assis, em 1977, usam, para as solenidades,  um longo e reto vestido de crepe, na mesma tonalidade do fardão, também com folhas bordadas a ouro. 


Além das posses, realizam-se no Salão Nobre as Sessões Solenes e as Sessões Ordinárias comemorativas.

No lado oposto ao do Saguão, a Sala dos Poetas Românticos abre-se para um belo pátio e homenageia os poetas brasileiros Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Fagundes Varela e Gonçalves Dias, imortalizados em bustos de bronze. 

Na Sala Machado de Assis, organizada pelo Acadêmico Josué Montello, destacam-se objetos pessoais do escritor, tais  como livros de sua biblioteca, a escrivaninha onde trabalhava e um  belo retrato a óleo de autoria de Henrique Bernardelli.

A Sala dos Fundadores e a Sala Francisco Alves, onde são realizados os lançamentos dos livros dos Acadêmicos, abrigam importantes obras de arte e peças decorativas do acervo da Academia.

No segundo andar do Petit Trianon, estão a valiosa Biblioteca Acadêmica Lúcio de Mendonça, a Sala de Sessões e o Salão de Chá,  onde se reúnem os Acadêmicos, às quintas-feiras.

Uma grande reprodução dos Estatutos da Academia, de 1897, assinados por Machado de Assis, Joaquim Nabuco e membros da primeira Diretoria, está afixada na Sala de Sessões, que também possui dois painéis com retratos dos fundadores e dos patronos das 40 Cadeiras da ABL.

Fontes:

http://www.scielo.br/pdf/ts/v22n1/v22n1a08.pdf

http://www.academia.org.br/abl/media/Discurso%20110%20Anos%20-%20PARA%20INTERNET.pdf

http://guiadoscuriosos.com.br/categorias/423/1/academia-brasileira-de-letras.html

Profa. Lúcia Rocha

Imagens:
http://www.zun.com.br/imagem/500x335/cache/fotos/2011/08/Academia-Brasileira-de-Letras-membros.jpg

http://www.academia.org.br/academia/petit-trianon

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seus comentários são o combustível de todo estes trabalhos... Obrigada