segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A História da Arte - 10

Séculos XVII e XVIII

Os reis e príncipes da Europa seiscentista estavam ansiosos por exibir seu poder e assim aumentar a sua ascendência sobre a mente dos seus súditos. Também eles queriam parecer criaturas de uma espécie diferente, elevadas por direito divino acima do homem  comum. Isso se aplica de maneira especial ao mais poderoso governante da segunda metade do século XVII, Luiz XIV da França, em cujo programa político a exibição e o esplendor da realeza foram deliberadamente  usados. 

Luiz XIV chamou o escultor Bernini para ajudar no projeto do seu palácio, que nunca se concretizou. Mas, outro palácio converteu-se no símbolo do seu imenso poder. Foi o palácio de Versalhes, construído entre 1660 e 1680. Versalhes é tão gigantesco que nenhuma fotografia pode dar uma ideia adequada do seu aspecto. 

Em cada andar, há 123 janelas que dão para o parque. O próprio parque, com suas avenidas de arbustos aparados, suas urnas e estatuária e seus terraços e tanques, estende-se por muitos quilômetros de campo. Versalhes é barroco mais por sua imensidão do que por seus detalhes  decorativos.

Palácio de Versalhes perto de Paris, Hardouin-Mansart

O período em redor de 1700 foi um dos maiores da arquitetura e não só da arquitetura. Todas as artes tinham de contribuir para o efeito de um mundo fantástico e artificial. Os artistas tiveram livre trânsito para planejar como  mais lhes agradasse e para traduzir em pedra e estuque dourado suas visões mais incríveis.  Foi especialmente na Áustria, Boêmia e sul da Alemanha que as ideias do barroco italiano e francês se fundiram no mais audacioso e consistente estilo. 

Antoine Watteau (1684-1721) era oriundo de uma parte de Flandres que fora conquistada pela França. Instalou-se em Paris onde faleceu aos 37 anos. Ele projetou decorações de interiores para os palácios da nobreza, a fim de fornecer um fundo apropriado às festas da sociedade palaciana.  Mas, ele passou a fazer suas próprias pinturas refletindo o gosto da aristocracia francesa do começo do século XVII, conhecido como o período rococó, numa predileção por cores e decorações delicadas que sucedera ao gosto mais robusto do período barroco e que se expressou em alegres frivolidades. Mas, foram os seus sonhos e ideais que ajudaram a modelar o estilo rococó. Seus quadros revelavam uma galanteria espirituosa. 

Festa num parque, Watteau

Inglaterra e França, século XVIII

O período em torno de 1700 tinha assistido ao apogeu do movimento barroco na Europa católica. Os países protestantes não o adotaram. Nesse período, a Inglaterra produziu seu maior arquiteto, Sir Christopher Wren (1632-1723), que reconstruiu as igrejas de Londres após o incêndio de 1666. Ele foi influenciado pela arquitetura barroca romana, embora nunca tivesse estado em Roma. Ele impressiona pelo seu comedimento e sobriedade. 

O contraste entre a arquitetura protestante e a católica é ainda mais acentuado quando consideramos os interiores das igrejas de Wren. Uma igreja desse tipo é projetada principalmente como uma sala de reunião onde os fieis se congregam para o culto. Seu propósito não é evocar visões de um outro mundo, mas, pelo contrário, propiciar o recolhimento, a meditação.

Interior da Igreja de St Stephen Walbrook, Wren

Assim foi também com os palácios. Nenhum rei da Inglaterra poderia dispor de prodigiosas verbas para construir um Versalhes de luxo e extravagância. O ideal setecentista não era o palácio, mas a casa de campo. Os arquitetos dessas residências de campo rejeitaram as extravagâncias do estilo barroco. Eles apenas respeitavam as regras da arquitetura clássica e por isso se inspiraram na arquitetura do Renascimento italiano. O livro de Andrea Palladio passou a ser considerado a autoridade suprema em todas as regras do bom gosto da arquitetura inglesa do século XVIII.

A Revolução francesa (1789) deu um enorme impulso ao interesse pela história e pela pintura de temas heroicos. O principal artista desse estilo neo-clássico foi Jacques-Louis David (1748-1825),  que foi o “artista oficial” do Governo Revolucionário. Quando um dos líderes da Revolução Francesa, Marat, foi assassinado na banheira por uma jovem fanática, David pintou-o como um mártir que morrera por sua causa. Marat, costumava escrever durante o banho, e a banheira tinha uma pequena escrivaninha adaptada. Sua agressora entregara-lhe uma petição e ele estava prestes a assiná-la quando ela o apunhalou. David conseguiu fazê-lo parecer um ato heroico. É a impressionante comemoração de um humilde “amigo do povo” – como o próprio Marat se intitulava – que sofrera o destino de um mártir enquanto trabalhava pelo bem comum.

Marat assassinado, David  

David também foi o pintor retratista oficial de Napoleão Bonaparte.

Bonaparte, David

Século XIX

Entre os artistas da geração de David que rejeitaram os temas do tipo antigo estava o grande pintor espanhol Francisco Goya (1746-1818). Ele era versado na melhor tradição da pintura espanhola que tinha produzido El Greco e Velásquez. 

Grupo num balcão, Goya 

Tal como Rembrandt, Goya afirmou sua independência das convenções do passado através da produção de um grande número de gravuras com uma nova técnica chamada aquatinta, que cria manchas sombreadas. A maioria delas são temas como bruxas e aparições sobrenaturais, como O gigante.

O gigante, Goya

A pintura paisagística, até então considerada um ramo secundário da arte, beneficiou-se com a nova liberdade do artista. Um paisagista importante foi J.M.W.Turner (1775-1851). Turner fez enorme sucesso. Suas telas causavam sensação na Academia Real. Turner também teve a visão de um mundo fantástico, banhado de luz e resplendente de beleza. Mas o seu mundo era cheio de movimento, em vez de harmonias singelas, exibia aparatoso deslumbramento. Ele reunia em suas telas todos os efeitos que pudessem torná-las mais impressionantes e dramáticas.

Vapor numa tempestade de neve, Turner

Dildo Building Cartago, Turner

The shipwreck, Turner

Fonte: Gombrich, E.H., A história da arte, LTC, Rio de Janeiro, 16ª edição

Imagens:

http://www.aboutromania.com/ParisVersailles1.jpg

http://media.bizj.us/view/img/1156551/ststephenwalbrook*500.jpg

https://c2.staticflickr.com/6/5065/5737657207_5de39ff189_b.jpg

http://1.bp.blogspot.com/-5bUZuFLWEwY/UdBVIOfOCVI/AAAAAAAALoQ/-P0T0q_Vh7s/s1357/marat-assassine-Jacques-Louis-David-le-bric-a-brac-de-potzina.jpg

http://www.art-kingdom.com/upload/26004.jpg

https://www.google.com.br/search?q=Grupo+num+balcão+Goya+imagem&espv=2&biw=1680&bih=925&tbm=isch&imgil=QTmuff_zKHw5yM%253A%253BUV1z1y8y03LfyM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fsempenisneminveja.blogs

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http://www.queerway.it/public/WindowsLiveWriter/AParigiunForumsullediscriminazioni_12A1D/colosso.jpg

http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/as-telas-de-william-turner

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