segunda-feira, 6 de julho de 2015

O Livro dos Espíritos e a Inteligência

Allan Kardec

“Outra ofensiva veio do psicólogo Howard Gardner, autor da Teoria das Inteligências Múltiplas. Ele inspirou-se no modo como a neurociência vê o cérebro hoje: um conjunto de vários módulos distintos, ou “puxadinhos”, que evoluíram separadamente e hoje funcionam como processadores para funções específicas. Com isso em mente, Gardner concluiu que a inteligência não é um conceito único, indivisível, mas uma soma de várias habilidades – como raciocínio lógico-matemático, lingüístico, espacial, musical, intrapessoal, interpessoal, motor e naturalista.” (http://super.abril.com.br/ciencia/inteligencia)

O psiquiatra e psicólogo brasileiro Augusto Cury considera que a inteligência tem múltiplas funções e não que haja inteligências múltiplas. Concordo com ele. Mas, para ele, como para todos os psiquiatras, psicólogos e neurocientistas do planeta (que não sejam espíritas) a inteligência está no cérebro, o mais importante órgão do corpo humano.

A respeito, Allan Kardec, codificador do Espiritismo, em O Livro dos Espíritos diz o seguinte nas suas perguntas numeradas e respectivas respostas dadas pelos espíritos:

“364.O mesmo Espírito dá ao homem as qualidades morais e as da inteligência?”

“Certamente e isso em virtude do grau de adiantamento a que se haja elevado. O homem não tem em si dois Espíritos.”

“366. Que se deve pensar da opinião dos que pretendem que as diferentes faculdades intelectuais e morais do homem resultam da encarnação nele de outros tantos Espíritos, diferentes entre si, cada um com uma aptidão especial? (O grifo é nosso.)

“Refletindo reconhecereis que é absurda. O Espírito tem que ter todas as aptidões. Para progredir, precisa de uma vontade única. (...)” As diversas faculdades são manifestações de uma mesma causa que é a alma ou o Espírito encarnado . (...)” 

Nota de Lucia Rocha: Assim, podemos entender que as diversas “faculdades intelectuais” (pergunta 366, acima) ou faculdades da inteligência são manifestações do Espírito encarnado.

368. Após sua união com o corpo, exerce  o Espírito, com liberdade plena, suas faculdades?

“O exercício das faculdades depende dos órgãos  que lhe servem de instrumento. A grosseria da matéria as enfraquece.

369. O livre exercício das faculdades da alma está subordinado ao desenvolvimento dos órgãos?

“Os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades da alma, manifestação que se acha subordinada ao desenvolvimento e ao grau de perfeição dos órgãos, como a excelência de um trabalho o está à da ferramenta própria à sua execução.”

370. Da influência dos órgãos  se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento do cérebro e o das faculdades morais e intelectuais?

“Não confundais o efeito com a causa. O espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.”

93. O Espírito propriamente dito nenhuma cobertura tem, ou como pretendem alguns está sempre envolto numa substância qualquer?”

“Envolve-o uma substância vaporosa para os teus olhos mas ainda bastante grosseira para nós...(..) Envolvendo o germe de um fruto há o perisperma; do mesmo modo uma substância que por comparação se pode chamar períspirito serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.

94.De onde tira o Espírito o seu invólucro semimaterial? “Do fluido cósmico universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo para outro o Espírito muda de envoltório como mudais de roupa.

610. Ter-se-ão enganado os Espíritos que disseram constituir o homem um ser à parte na ordem da criação?

“Não, mas a questão não foi desenvolvida. Demais, há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, com efeito, um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecê-lo.” (O grifo é nosso)

Nota de Lucia Rocha: Após essas explicações de O Livro dos Espíritos, chegamos à conclusão que o homem não faz parte da escala animal, mas é um ser à parte, pois, “A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecê-lo.” 

Fica claro pelo Livro dos Espíritos que  as faculdades da inteligência pertencem ao Espírito encarnado  e o cérebro é o órgão que serve de “aparelho” material para sua manifestação no mundo físico. Então, quem tem  a inteligência não é o corpo físico (cérebro), mas o Espírito. A mente está no Espírito. 

Quando o homem desencarna, seu Espírito  leva consigo para o plano espiritual  a inteligência/mente que lhe é própria e o cérebro volta ao pó. 

Tenho publicado extratos de alguns livros  do brasileiro Augusto Cury, psiquiatra, psicólogo e cientista de renome internacional. Tudo o que ele ensina a respeito da inteligência multifocal – sua interessante descoberta – é muito importante para o nosso conhecimento e aplicação na mudança de comportamento em sociedade e consigo mesmo para uma vida mais feliz.  

Apenas destaco a ressalva que facilmente podemos deduzir,  segundo o Espiritismo: a inteligência com suas faculdades faz parte do Espírito que uma identidade (um Eu).  

Por outro lado, o Espírito encarnado ou no plano espiritual conserva eternamente seu períspirito, fluídico, pois somente o perispírito “delimita” a identidade do Espírito. 

Na Antiguidade, o apóstolo Paulo já fazia referência em suas epístolas ao seu próprio “corpo espiritual”, fluídico, através do qual se desprendia para subir temporariamente ao céu e contemplar suas belezas.

A palavra “períspirito” foi usada primeiramente pelos espíritos superiores  que a introduziram em O Livro dos Espíritos. 

A palavra psicologia vem do grego “psyké” (alma, espírito) e “logos” (estudo).  Por extensão, “psique”, em português,  significa “mente”. 

A Psicologia surgiu em 1879 em Leipzig, Alemanha, com o fisiologista Willelm Wundt . Seu interesse transferiu-se do funcionamento do corpo humano para os estudos da percepção e dos processos mentais simples. O seu laboratório formou a primeira geração de psicólogos. 

“A Psicologia surgiu, portanto, depois do advento do Espiritismo que ocorreu em Paris, em 1857, com a publicação por Allan Kardec de O Livro dos Espíritos, obra ditada pelos espíritos superiores a diversos médiuns no mundo inteiro.

 O Livro dos Espíritos foi quem primeiro usou a  expressão “faculdades do espírito”, antes portanto da Psicologia.

Os brilhantes pensadores internacionais da Psicologia com suas teorias que atualmente estudam a inteligência, como o brasileiro Augusto Cury (autor da Teoria da Inteligência Multifocal), têm o mérito dos seus esforços, colaborando para o progresso dessa ciência. Através dos cientistas,  a ciência humana caminha na esteira da eternidade. 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia  

http://www.dicionarioetimologico.com.br/psicologia/

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec: princípios da doutrina espírita, espiritismo experimental; 2ª ed. Especial; RJ: Federação Espírita Brasileira, 2009.)

Profa. Lucia Rocha

Imagem: http://www.ceakmaua.com.br/img/ceakDoutrina.jpg

2 comentários:

  1. Obrigada pelas palavras. Estou lendo o livro Ansiedade (como enfrentar o mal do século), do eminente Augusto Cury e, de fato, observo que o autor é brilhante, mas se encontra num paradigma diferente daquele em que nós, espíritas, adentramos. Ele acrescenta e ensina muitas coisas, mas se somamos suas explicações ao que conhecemos pelo estudo na Doutrina Espírita, aproveitamos melhor as lições, relativizando alguns pontos. ;-) Bom dia a todos!

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