segunda-feira, 6 de julho de 2015

Mulheres Inteligentes, Relações Saudáveis 3

Art Nouveau,  Mücha, 1899

Tipos de mulheres: mentes belas e complicadas - II

MULHERES HIPERSENSÍVEIS

Têm riquíssima emoção, embora desprotegida. São capazes de chorar ao ver um filme, emocionar-se ao ouvir uma história, envolver-se ao ler um livro. Não admitem a dor dos outros. Vivem intensamente, doam-se muito, entregam-se com facilidade. Preocupam-se com todos ao seu redor.  

Aspectos positivos. São as pessoas mais generosas, humanas e bondosas da sociedade. Muitas são incapazes de fazer mal aos outros. Frequentemente reconhecem seus erros e pedem desculpas. São éticas e responsáveis. Costumam preocupar-se muito com o meio ambiente e com o bem-estar social. Muitas praticam filantropia como uma missão e fonte de prazer.

Aspectos negativos. Mulheres hipersensíveis vivem a dor dos outros. Sofrem intensamente por problemas que ainda não aconteceram. Quando alguém as ofende, estraga seu dia ou sua semana. São tolerantes com os outros, mas às vezes algozes de si mesmas. Não são poucas as vezes em que se punem muito quando erram. Por terem baixo nível de proteção emocional, os estímulos estressantes as invadem com facilidade, o que as expõe a desenvolver alguns transtornos psíquicos, como depressão, ansiedade e pânico.

MULHERES HISTRIÔNICAS

São hiperfalantes, hipercomunicativas e hipersociáveis. Falam muito dos outros, mas frequentemente têm dificuldade de falar de si mesmas. Quando chegam a um ambiente é impossível escondê-las. Elevam o tom de voz, brincam com todos, contam histórias, movimentam o ambiente. Têm a necessidade vital de estar em evidência. Seu Eu tem dificuldade de se colocar no lugar dos outros, embora elas sempre achem que se colocam.

Aspectos positivos.  Frequentemente são bem-humoradas, divertidas, alto astral. Conseguem reverter a tristeza do espaço social e mudar a rotina do ambiente. São muito criticadas nos bastidores pelas mulheres analíticas, observadoras, “casulo” e autônomas, mas  são muito queridas. São muito prestativas,  é possível contar com elas em tempos de crises e angústias.

Aspectos negativos. As mulheres histriônicas preenchem todos os espaços sociais, não deixam os outros falar, participar ou se manifestar. Elas têm de brilhar mais do que os outros, embora algumas não percebam esses excessos de exposição. Têm a necessidade ansiosa de ser o centro das atenções sociais. Mesmo que sejam encantadoras, acabam sendo sufocantes. Inibem seu parceiro, falam por eles. Normalmente quando elas estão presentes, eles se calam. Inibem os filhos, não os estimulam a debater ideias, expressar suas opiniões, ainda que jamais admitam. São “mãezonas”, fazem tanto por seus filhos que acabam superprotegendo e despreparando-os para a vida. Não são poucos os filhos que atritam com elas e não reconhecem seu valor. Mulheres histriônicas têm dificuldade de trabalhar em equipe e receber críticas. 

MULHERES DISSIMULADAS

Disfarçam seus sentimentos, pensamentos, intenções. Seu Eu tornou-se especialista em maquiar não apenas o rosto, mas também sua psique. Diferentemente das mulheres autônomas/transparentes, elas escondem seus problemas e seus conflitos. Mas tomam essa atitude não porque são falsas ou mentirosas, mas porque são escravas do medo do que os outros pensam e falam delas.

Aspectos positivos. São dosadas, ponderadas e, ao contrário das mulheres histriônicas, não gostam de ser o centro das atenções sociais. Nem sempre as mulheres dissimuladas também são “casulos”, fechadas dentro de si, socialmente isoladas. Embora sua história seja um túmulo, muitas vezes são comunicativas, conselheiras e gostam de ajudar os outros. Têm uma postura impecável socialmente, mas tanto em sua família como em seu trabalho as pessoas conhecem no máximo a sala de visitas de sua personalidade.

Aspectos negativos. Nunca choram na frente dos outros. Não demonstram fragilidade. Nunca falam de si, nem dividem seus sentimentos. Têm medo de reconhecer suas dificuldades. Raramente pedem ajuda. Só quando atravessam um grave problema apresentam sinais de que não estão bem, o que as expõe a diversos transtornos emocionais. Às vezes escondem suas dificuldades atrás de títulos acadêmicos, eloquência, tom de voz, postura. São capazes de sorrir mesmo quando angustiadas. Detestam a solidão, mas vivem sós no meio da multidão. Em casos graves, essas mulheres passaram por traumas na infância, como abuso sexual, privações, violências, perdas, humilhação pública que  geraram um medo dramático de tocar em sua intimidade.  

MULHERES COITADISTAS/CONFORMISTAS

Proclamam em prosa e verso que são infelizes, incapazes, inábeis, impotentes. Quando são conformistas acrescentam uma passividade inaceitável perante sua miserabilidade, não têm ânimo para mudar a própria história. Seu Eu fica na plateia observando seus conflitos como mero espectador. Declaram  que não são compreendidas,  mesmo que se demonstre afeto por elas.

Aspectos positivos. Mulheres coitadistas/conformistas têm mentes complicadas. Muitas são generosas com os outros, embora sejam péssimas consigo mesmas. Algumas são boas para aconselhar os outros, mas incapazes de se orientar. Costumam ser carinhosas e afetivas. Têm notória discrição, não chamam a atenção para si. Possuem aversão a escândalos. 

Aspectos negativos. Não lutam por seus sonhos. São acomodadas, passivas, inertes, apáticas. Culpam os outros pelos próprios infortúnios. Têm uma visão simplista da vida. Esquecem que a vida é um contrato de riscos. Têm preocupação excessiva em falhar, por isso vivem na lama do conformismo. Dizem que não têm sorte na vida, que tudo de ruim acontece com elas e tudo de bom acontece com os outros.  Têm medo de se entregar sexualmente. Raramente acham que satisfazem seu parceiro. Criam em sua memória uma imagem de um parceiro “perfeito” e irreal. Às vezes são egoístas, prestam atenção na sua dor, mas não na dor do outro. Possuem relacionamentos conturbados, fortes no começo e desastrosos no término da relação.  Usam inconscientemente a habilidade de se autodiminuir para ter uma atenção exagerada dos que estão ao seu redor, portanto, para ter ganhos secundários.

MULHERES DEPENDENTES

Não andam se não tiverem o companheiro ao lado, não falam se não tiverem apoio. Nem sempre são coitadistas ou conformistas e, nesse caso, não reclamam de si nem se autodiminuem, mas também não constroem a própria história, não desenvolvem seus projetos de vida. Sua principal marca é a insegurança. Têm tanto medo da perda quanto uma necessidade excessiva de retorno dos seus homens, filhos, amigos. Algumas mulheres dependentes ligam diversas vezes por dia para o parceiro. Perguntam a cada momento “se ele a ama”, “por que ele está indiferente hoje”.

Aspectos positivos. Costumam ser afetivas, dóceis, delicadas. Não poucas mulheres com viés de dependência são sexualmente intensas, sedutoras, mas elas devem saber que, apesar de o prazer sexual ser importante, ele se torna insuficiente para dar estabilidade à relação. Devem ter a coragem de escrever a própria história.

Aspectos negativos. Algumas brilhantes mulheres observadoras, contemplativas, podem ter alguma dose de mentes dependentes. Se são excessivamente dependentes perdem sua identidade, esmagam sua liberdade, o que as faz se doar de  maneira imatura e com altos índices de cobranças. Mulheres dependentes e com baixo nível de resiliência não suportam perdas nem frustações, não protegem sua emoção. Pequenos estresses têm um  impacto grande, por isso têm tendência a desenvolver transtornos psíquicos. A dor da perda pode desencadear uma obsessão pelo parceiro perdido e culminar numa importante depressão. Adiam ou não elaboram seus projetos de vida.

MULHERES AUTORITÁRIAS

São exigentes, reativas, cobradoras. São ótimas para ordenar, mas péssimas para pedir. Seu Eu é impaciente, intolerante e pouco solidário. Mulheres autoritárias podem, em alguns casos, ser ansiosas, querer tudo na hora e do jeito delas. Detestam ser contestadas. Desconhecem que os frágeis agridem e os fortes abraçam. Têm a necessidade neurótica de poder e de estarem sempre certas.

Aspectos positivos. Não existem mulheres autoritárias puras ou absolutas. Elas estão mescladas com vários outros tipos de personalidade que compensam alguns dos seus defeitos. Muitas são determinadas, ousadas, sabem o que querem. Se forem um pouco analíticas e observadoras produzem respostas brilhantes em situações estressantes. Se forem cultas e disciplinadas são capazes de liderar grupos em situações críticas.

Aspectos negativos. Mulheres autoritárias são tensas, não sabem relaxar, soltar-se, curtir a vida. São dominadoras, controladoras, policiam filhos, maridos, amigos, colegas de trabalho. Mesmo com boas intenções, passam por cima dos outros com suas palavras e gestos. Se além de autoritárias são impulsivas, não é fácil conviver com elas, pois se tornam explosivas nos focos de tensão. Em alguns casos, transformam quem amam em seus serviçais. E ainda que tenham consciência parcial dos seus erros, defendem com unhas e dentes suas “verdades” e seus “conceitos”. O excesso de argumento para se defender reflete o medo neurótico de reconhecer sua fragilidade, de ser apenas um ser humano e como tal imperfeito. Se diariamente desenvolverem uma mente analítica, autônoma e contemplativa, poderão a duras penas formar plataformas de janelas light que desenvolverão as funções mais complexas da inteligência, como pensar antes de reagir, expor e não impor suas ideias, proteger sua emoção. (continua)

(Mulheres inteligentes, relações saudáveis, Augusto Cury, 2011.) (Psicologia aplicada para leigos.) 

Alphonse Mücha (1860-1939), tcheco, artista  da Art Nouveau (Arte Nova, francesa, decorativa, inspirada em figuras naturais, plantas, flores e curvas).

Profa. Lúcia Rocha

Imagem: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/54/Alphonse_Mucha_-_Zodiac.jpg

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