quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Espiritismo e Metafísica - 8


Estudo de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, em continuação. Para adultos e adolescentes, a partir da oitava série. “O Livro dos Espíritos é um estudo de Metafísica e de Moral.  Metafísica (“além das coisas físicas”) é o ramo da Filosofia que estuda a essência dos seres e dos mundos. As perguntas são de Allan Kardec e as respostas são dos Espíritos Superiores, autores de “O Livro dos Espíritos”. Português atualizado por mim.

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Parte Segunda (Metafísica)

CAPÍTULO III 

A volta do Espírito à vida espiritual, extinta a vida corpórea. • A alma após a morte • Separação da alma e do corpo • Perturbação espiritual.

A ALMA APÓS A MORTE 

149. Que sucede à alma no instante da morte?

Volta a ser Espírito, isto é, volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara momentaneamente. 

150. A alma, após a morte, conserva a sua individualidade?

 Sim, jamais a perde. 

a) — Como comprova a alma a sua individualidade, uma vez que não tem mais corpo material? 

Continua a ter um fluido que lhe é próprio, absorvido da atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu períspirito.

b) — A alma nada leva consigo deste mundo? 

Nada, a não ser a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor, lembrança cheia de doçura ou de amargor, conforme o uso que ela fez da vida. Quanto mais pura for, melhor compreenderá a futilidade do que deixa na Terra.

A lição de anatomia do Dr. Tulp, Rembrandt

Nota: Os anatomistas e fisiologistas só acreditam no que veem. São materialistas. Morto o corpo nada mais lhes interessa. (O Livro dos Espíritos, pergunta 147) 

http://medicineisart.blogspot.com.br/2010/06/sete-curiosidades-na-licao-de-anatomia.html

151. Que pensar da opinião dos que dizem que após a morte a alma retorna ao todo universal? 

O conjunto dos Espíritos forma um todo, um mundo completo. Quando você está numa assembleia é parte integrante dela; mas, conserva a sua individualidade. 

152. Que prova podemos ter da individualidade da alma depois da morte? 

Vocês têm essa prova nas comunicações mediúnicas que recebem. 

Se, após a morte, só houvesse o que se chama o grande Todo, que absorvesse todas as individualidades, esse Todo seria uniforme e, portanto, as comunicações do mundo invisível seriam idênticas. Ninguém pode duvidar também das individualidades espirituais que se fazem visíveis nas aparições. 

153. Em que sentido se deve entender a vida eterna? 

A vida do Espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retoma a vida eterna. 

a) — Não seria mais exato chamar vida eterna à dos Espíritos puros, dos que, tendo atingido a perfeição, não estão mais sujeitos a sofrer prova alguma?

 Essa é a felicidade eterna. Mas, isto é apenas uma questão de palavras.  

SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO 

154. É dolorosa a separação da alma e do corpo? 

Não; o corpo quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da morte; a alma nenhuma parte toma nisso. Os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte são um gozo para o Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio na Terra. 

Na morte natural, a que ocorre pelo esgotamento dos órgãos, em consequência da idade avançada, o homem deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de óleo. 

155. Como ocorre a separação da alma e do corpo? 

Rompidos os laços que a retinham ao corpo, a alma se desprende. 

a) — A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de marcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?

Não; a alma se desprende gradualmente, não escapa como um pássaro preso a que se devolva subitamente a liberdade. O Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram. 

Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro envoltório, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. Na hora da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente, mas gradualmente e com uma lentidão variável conforme os indivíduos. Mas, o Espírito pode experimentar o horror da decomposição; é o caso de alguns suicidas. 

A morte
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9U8dMNRWBvWfPw4_TFRCKi6j4FIHAH4JXwQpvrZTMnv6OaSG9YHzgXYc94-kRWfJbC2aVR2AyFyptUdNeUUxqbuoKGCcEHBBey7PLL0bR6ic65qOK2uiBshKWSK8k7obY60YTy3xJNfYw/s1600/reencana%C3%A7%C3%A3o+vida+ap%C3%B3s+a+morte+esp%C3%ADrito+corpo+ci%C3%AAncia.jpg

156. A separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer antes da cessação completa da vida orgânica? 

Na agonia, a alma, algumas vezes, já deixou o corpo; nada mais há senão a vida orgânica. O homem já não tem consciência de si mesmo; entretanto, ainda lhe resta um sopro de vida orgânica. O corpo é a máquina que o coração põe em movimento. Enquanto o coração está funcionando o corpo vive e para isso não precisa da alma.  

157. No momento da morte, a alma sente desejo ou encantamento que lhe faça perceber o mundo onde vai entrar novamente? 

Muitas vezes a alma sente que se desfazem os laços que a prendem ao corpo. Então se esforça para desfazer os laços inteiramente. Já em  parte desprendida da matéria, vê o futuro na sua frente e goza do estado de Espírito por antecipação.

158. O exemplo da lagarta que, primeiro, anda de rastos pela terra, depois se encerra na sua crisálida em estado de morte aparente, para enfim renascer com uma existência brilhante, pode dar-nos ideia da vida terrestre, do túmulo e, finalmente, da nossa nova existência? 

Uma ideia pálida.  

159. Que sensação experimenta a alma no momento em que reconhece estar no mundo dos Espíritos? 

Depende. Se praticou o mal, no primeiro momento a alma se sentirá envergonhada de havê-lo praticado. Os bons porem se sente como que aliviados de grande peso, pois que não temem nenhum olhar que os julgue.

Espírito suicidas inconscientes no Umbral após a morte (filme espírita “Nosso Lar”)

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-202441/fotos/detalhe/?cmediafile=20009297 

160. O Espírito se encontra imediatamente com os que conheceu na Terra e que morreram antes dele? 

Sim, conforme a afeição que lhes votava. Muitas vezes os seus amigos o vêm receber à entrada do mundo dos Espíritos e o ajudam a desligar-se das faixas da matéria. Encontra-se também com muitos dos que conheceu e perdeu de vista durante a sua vida terrena. Vê os que estão na erraticidade (no mundo espiritual) como vê os encarnados e vai visitá-los.


Diná (Cristiane Torloni), uma boa pessoa, após a morte numa colônia espiritual

Nota: Imagem da novela espírita “A viagem”, de Ivani Ribeiro, com Cristiane Torloni e Antonio Fagundes, da Rede Globo, 1994. 

http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/a-viagem.htm

161. Em caso de morte violenta e acidental, quando os órgãos ainda não se enfraqueceram em consequência da idade ou das doenças, a separação da alma e a cessação da vida ocorrem simultaneamente? 

Geralmente sim; mas, em todos os casos é muito rápido o instante que ocorre entre a separação da alma e a morte do corpo.  

162. Após a decapitação, por exemplo, conserva o homem por alguns instantes a consciência de si mesmo?

Geralmente a conserva durante alguns minutos até a extinção completa da vida orgânica. Mas, geralmente a preocupação com a morte faz o indivíduo perder a consciência antes mesmo do momento do suplício. 

PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL 

163. A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo? 

A alma passa algum tempo em estado de perturbação.


Hospital espiritual curando ferida no desencarnado André Luiz (filme “Nosso Lar”)

Mapa da colônia espiritual Nosso Lar para onde vão os mortos bons 

Nota: Imagens do filme espírita “Nosso Lar”. Nosso Lar é a colônia espiritual descrita pelo Espírito André Luiz, autor do livro “Nosso Lar”, psicografia de F.C. Xavier.

Imagens: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-202441/fotos/detalhe/?cmediafile=20009283

164. A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é do mesmo grau e da mesma duração para todos os Espíritos?

Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado, se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida do corpo. Mas, o homem cuja consciência ainda não está pura guarda por muito mais tempo a impressão da matéria após a morte.  

165. O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração mais ou menos longa da perturbação? 

Influência muito grande, pois o Espírito já compreendia antecipadamente a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem.

Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. A alma precisa de algum tempo para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e à medida que se dissolve a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos. Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos.

Os que viviam na Terra e sabiam do estado futuro que os aguardava, são os que têm a perturbação menos longa porque esses compreendem imediatamente a posição em que se encontram no mundo espiritual após a morte.

Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica espantado e não acredita estar morto, afirma que não está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. 

Aproxima-se das pessoas a quem ama, no mundo material, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos.

Observa-se então o singular espetáculo de um Espírito assistir ao seu próprio sepultamento como se fosse o de um estranho até ao momento em que ele compreende a verdade. Nos casos de morte coletiva, nem sempre todos tornam a ver-se logo. Cada um vai para seu lado ou só se preocupam com os que lhe interessam. (continua)

Fonte: O Livro dos Espíritos (questões 149 a 165); Kardec, Allan, FEB, 2009

Profa. Maria Lucia

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