segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A Gênese e a Metafísica - 1

Introdução

A palavra “gênese” vem do grego “génesis”, que significa “origem”, “criação”.

A Gênese é o estudo sobre a criação da Terra que a Bíblia refere como criação do mundo, do nosso mundo. Moisés escreveu o livro “Gênesis”; é o primeiro do Velho Testamento da Bíblia. Mas, houve outras gêneses de alguns povos primitivos. Toda Gênese é um estudo de Metafísica, pois estuda a formação do mundo e dos seres. 

“A Gênese” de Allan Kardec tem a visão do Espiritismo e se divide em duas partes: a história da formação do mundo material e da humanidade considerada em seu duplo princípio, corporal e espiritual. O conteúdo da obra é dos Espíritos Superiores, autores da obra.  “A Gênese” de Allan Kardec é o quarto livro do pentateuco (cinco livros) da codificação espírita. Foi publicada por Kardec, o codificador do Espiritismo, em Paris, em 1868. 

Meu estudo da Gênese de Kardec está ligeiramente resumido e com o português atualizado. Para adultos e jovens a partir da oitava série completa. Vamos estudar apenas alguns capítulos da obra. Quem quiser, pode ler no original os demais capítulos: alguns se referem a Generalidades sobre o Espiritismo; outros, ao Livro dos Espíritos (Deus; O bem e o mal; Gênese orgânica; Gênese espiritual; Os fluidos); e outros, ao Evangelho (milagres e predições). Começamos pelo Capítulo IV, que estuda Metafísica, e é uma introdução ao estudo da Gênese. 

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“Para Deus, o Passado e o Futuro são o Presente. O Tempo é o Presente.” (Allan Kardec, A Gênese) 


A Gênese (Metafísica) 

CAPITULO IV

O papel da Ciência na Gênese 

A história da origem de quase todos os povos antigos se confunde com a da sua religião. É por isso que seus primeiros livros tratavam de religião. E como todas as religiões se ligam ao princípio das coisas, que é também o da humanidade, elas deram, sobre a formação e a ordem do universo, explicações em concordância com os conhecimentos da época. 

Daí resultou que os primeiros livros sagrados foram ao mesmo tempo os primeiros livros de ciência, como também foram, durante longo período, o único código das leis civis. 

 Nas eras primitivas, as primeiras teorias sobre o sistema do mundo eram originárias de meios de observação precários. Os próprios homens tinham a inteligência pouco desenvolvida. 

Assim, o homem se mostrou incapaz de resolver o problema da Criação até o momento em que a Ciência lhe forneceu a chave. Teve de esperar que a Astronomia lhe abrisse as portas do espaço infinito e lhe permitisse mergulhar aí o olhar; que, pelo cálculo, determinasse com rigorosa exatidão o movimento, a posição, o volume, a natureza e o papel dos corpos celestes; que a Física lhe revelasse as leis da gravitação, do calor, da luz e da eletricidade; que a Química lhe mostrasse as transformações da matéria e a Mineralogia os materiais que formam a superfície do globo; que a Geologia lhe ensinasse a ler, nas camadas terrestres, a formação gradual desse mesmo globo. À Botânica, à Zoologia, à Paleontologia, à Antropologia coube iniciar o homem na filiação e sucessão dos seres organizados. Com a Arqueologia pôde ele acompanhar os traços que a humanidade deixou através das idades. 

Numa palavra, completando-se umas às outras, todas as ciências contribuíram com o que era indispensável para o conhecimento da história do mundo, da Gênese do mundo.  

Tudo então mudou de aspecto. Em vez de uma Gênese imaginária, surgiu uma Gênese positiva e, de certo modo, experimental. O campo do universo se distendeu ao infinito. Acompanhou-se a formação gradual da Terra e dos astros, segundo leis eternas e imutáveis, que demonstram muito melhor a grandeza e a sabedoria de Deus, do que uma criação miraculosa, tirada repentinamente do nada, por efeito de súbita ideia da Divindade, após uma eternidade de inação. 

Um cientista importante do século XIX 

Charles Darwin 

O século XIX foi o grande período no qual a ciência se consolidou e realmente passou a definir marcas na caminhada da humanidade.

Até o século XVIII, acreditava-se que o homem e todas as espécies existentes haviam sido criados da forma como são e que não tinham sofrido nem poderiam sofrer nenhuma transformação. Contudo, em1859, o cientista inglês Charles Darwin publicou a obra “Sobre a origem das espécies”, que revolucionou a história da ciência. Para escrevê-la, ele realizou longas viagens, inclusive pela América do Sul, observando e refletindo sobre o universo dos seres vivos. 

 As ideias fundamentais da teoria de Darwin são a “luta pela sobrevivência” e a  “seleção natural”. A história dos seres vivos nada mais é do que o resultado de uma guerra entre as várias espécies animais, inclusive entre indivíduos da mesma espécie. Ao final dessa competição, sobrevivem apenas os mais fortes e os mais adaptados ao ambiente, processando-se, portanto, uma seleção natural através da qual os organismos vitoriosos evoluem de estruturas simples para outras de maior complexidade orgânica. 

A teoria darwinista escandalizou a Europa porque representou um golpe terrível nas concepções religiosas de então, centradas na ideia de que a Bíblia seria um livro rigorosamente histórico e documental. Naquela época, a maioria das pessoas acreditava que a humanidade começara com Adão e Eva, que Noé vagara numa arca pela terra inundada, que Jonas sobrevivera três dias no ventre de uma grande baleia, e que o mundo, desde a criação divina, não alcançara ainda sessenta séculos, etc. 

As ideias de Darwin abalaram profundamente as concepções religiosas e filosóficas então vigentes. De repente, Darwin declarava que o homem não era o centro da criação porque ele descendia de ancestrais primitivos e animalescos, era apenas uma estrutura orgânica tornada mais apta pelo acaso, pelo ambiente e pela luta da sobrevivência.

Fonte e imagem: erisfaculdadeshistoriadasciencias.blogspot.com.br/2010/05/seculo-xix-ciencia-se-consolida.html

Nota de Kardec: Não se pode conceber a Gênese sem os dados que a Ciência fornece. (O grifo é nosso). 

O papel da ciência na Gênese (continuação)

 De todas as Gêneses antigas, a que mais se aproxima dos modernos dados científicos, apesar dos erros que contém, é incontestavelmente a de Moisés – o “Genesis” - primeiro livro do Velho Testamento da Bíblia. 

Moisés

Alguns erros das outras gêneses antigas provêm da falsa interpretação de certas palavras, ao passarem de língua em língua pela tradução, ou o significado das palavras mudou com os costumes dos povos, ou, também, os erros decorrem da forma alegórica do estilo oriental, que foi tomada ao pé da letra, em vez de se procurar o significado mais fiel. 

Levando suas investigações às entranhas da Terra e às profundezas dos céus,  a Ciência demonstrou os erros da Gênese moisaica (de Moisés). Moisés narra a história da criação nos dois primeiros capítulos do seu livro “Gênesis” descrevendo um começo sobrenatural para a Terra e a vida.

Obviamente é impossível que as coisas tenham acontecido como são ali referidas, como se fossem milagres. Portanto, o mundo não foi criado em seis dias de 24 horas como diz a Gênese moisaica. Isso tem apenas um sentido figurado. (O grifo é nosso.)

A Criação de Adão, Michelangelo, Capela Sistina

A Gênese se divide em duas partes: a história da formação do mundo material e da humanidade no seu duplo princípio, corporal e espiritual. A Ciência se tem limitado à pesquisa das leis que regem a matéria. Do próprio homem, ela apenas estudou o envoltório carnal. Chegou a inteirar-se, com exatidão, das partes principais do mecanismo do universo e do organismo humano. Assim, sobre esses temas, a Ciência pôde completar a Gênese de Moisés e retificar-lhe as partes erradas. 

No entanto, as questões sobre o homem envolvem também o problema do seu passado e do seu futuro. A questão do mundo material apenas indiretamente o afeta. Para ele importa saber, antes de tudo, de onde veio e para onde vai, se já viveu e se ainda viverá, qual a sorte que lhe está reservada. Sobre todos esses pontos, a Ciência se conserva muda. A Filosofia apenas emite opiniões que concluem em sentido oposto, um quadro que somente a fé cega pode aceitar, visto que não suporta exame sério. 

Até o século XIX, o estudo do princípio espiritual, compreendido na Metafísica, foi puramente especulativo e teórico. No Espiritismo, esse estudo é inteiramente experimental. No século XIX, com o auxílio da mediunidade, mais desenvolvida, mais generalizada e mais bem estudada, o homem passou a ter um novo instrumento de observação.

A mediunidade foi, para o mundo espiritual, o que o telescópio foi para o mundo astral e o microscópio para os infinitamente pequenos. A mediunidade permitiu se explorassem, estudassem, de perto, as relações do mundo espiritual com o mundo corpóreo; ela permitiu que, no homem vivo, se destacasse o ser material do ser inteligente e que se observassem os dois atuando separadamente. 

Através do Espiritismo, uma vez estabelecidas as relações com os habitantes do mundo espiritual, tornou-se possível ao homem seguir a alma em sua marcha ascendente, em suas migrações, em suas transformações. Foi possível, enfim, estudar o elemento espiritual. Era disso que os anteriores comentadores da Gênese precisavam para a compreenderem e lhe retificarem os erros. 

Somente em meados do século XIX, o homem teve o auxílio da Ciência e do Espiritismo que lançam luzes sobre a Gênese, mesmo que nem um deles tenha dito a última palavra. Mas, eles representam as duas chaves para se chegar a uma solução ainda que aproximada. E com a Astronomia foi lançada uma das pedras fundamentais da Gênese, cerca de 3.300 anos depois de Moisés. (continua)

Notícia da ciência do século XXI: Astronomia

Os “Pilares da criação”, icônicas nuvens gigantes de gás e poeira localizadas na Nebulosa de Águia, a 7 mil anos-luz, vão se evaporar por completo em 3 milhões de anos, de acordo com uma pesquisa publicada na revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society". Sua massa atual é 200 vezes a massa do Sol.

O trabalho se apoia na primeira imagem tridimensional feita das famosas colunas de poeira cósmica. Ela revela a “iminente” destruição da formação, segundo cientistas do Observatório Europeu Austral, o ESO.

Com a ajuda do instrumento “Muse”, instalado no telescópio VLT, localizado no Chile, os astrônomos notaram que os pilares perdem a cada milhão de anos uma quantidade de massa equivalente a 70 vezes a massa total do Sol. A partir desta nova descoberta, os astrônomos sugerem rebatizar a famosa formação como “colunas da destruição”.

(Nota: reportagem de 30.04.2015)

A imagem feita pelo telescópio Hubble mostra como são vistos os Pilares da Criação, da Nebulosa da Águia (Foto: NASA, ESA/Hubble, Hubble Heritage Team via AP)

(http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/04/formacao-cosmica-pilares-da-criacao-sumira-em-3-milhoes-de-anos.html)

Fonte:

A Gênese; Kardec, Allan; tradução de Guillon Ribeiro, FEB

http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/A-genese_Guillon.pdf

Profa. Maria Lucia

Imagens:

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