segunda-feira, 24 de agosto de 2015

História da Arte 1

Introdução

Hoje começo uma série de estudos sobre a História da Arte.  Será apenas uma orientação inicial que abrangerá desde os povos primitivos até o final do século XX.  A arte (do latim, “ars”) é a expressão estética de um povo, por isso se situa  em determinados contextos históricos numa transformação contínua através dos tempos. 

Mas, como a História não ocorre em períodos de tempo separados como gavetas (a divisão da História em períodos tem apenas fins didáticos),  a expressão artística de um povo se revela numa coexistência de uma época antiga com a nova sucessivamente.            

Segundo Gombrich (2009), não se sabe como a arte começou, assim como não se sabe como a linguagem humana teve início. Os povos primitivos não consideravam obra de arte as pinturas, nem as estátuas, nem as cabanas onde moravam. Tudo tinha apenas utilidade. As pinturas primitivas e as letras tinham certas características em comum, por isso surgiram juntas nos primórdios da humanidade. 

Em época bastante remota, homens e mulheres utilizaram desenhos simplificados para representar cada objeto. Esta forma de expressão é  chamada escrita pictográfica que pode  ser vista nas inscrições astecas em cavernas. O surgimento da escrita é um marco importante, pois com a escrita termina o período chamado Pré-História e se inicia a História, que faz o registro dos fatos. 

De acordo com o linguista Cagliari (2010), depois das escritas pictográficas, surgiram as escritas ideográficas que eram desenhos especiais, os ideogramas. As escritas ideográficas mais importantes são a egípcia (também chamada hieroglífica), a mesopotâmica (suméria), a cretense e a chinesa (de onde provém a escrita japonesa).

Segundo o autor, a escrita é uma maneira de preservar a memória coletiva religiosa, mágica, científica, política, artística e cultural.

A arte primitiva
Arte primitiva em caverna

As primeiras representações de animais foram feitas em cavernas na Era Glacial. Eram bisões, mamutes e renas que os homens caçavam e por isso os conheciam muito bem. Essas representações  foram descobertas pelos arqueólogos em paredes de cavernas na Espanha e sul da França, no século XIX. 

Na Antiguidade, os maoris da Nova Zelândia e os povos da Nova Guiné aprenderam a criar belas obras de talha. E assim também as máscaras de Honduras, do Alasca e os vasos do México do período asteca na América Antiga.  Não é a capacidade desses artistas que é diferente dos nossos dias, mas as suas ideias.

O Egito Antigo  
As pirâmides Queops, Quefren e Miquerinos

Na Antiguidade,  as pirâmides do Egito representavam relíquias da sua arquitetura. As pirâmides eram os túmulos dos faraós e sua construção elevada era para aproximar a alma do faraó do céu, depois de morto. A arte egípcia é uma combinação da regularidade geométrica com a reprodução da natureza. Nas paredes internas das pirâmides, os egípcios faziam relevos e pinturas para “manter vivo” o faraó. O “chefão” era desenhado de tamanho maior que sua esposa e servos. A figura humana era desenhada sempre de perfil,  como fazem hoje as crianças, mas com os olhos de frente.  A arquitetura dos egípcios da  Antiguidade também inclui templos e palácios.

A família do faraó

Os primórdios da arte grega

A Grécia foi o grande despertar. Foi na Grécia mais remota e sob o domínio de déspotas orientais, no oásis dos grandes desertos, que surgiram os estilos mais antigos de arte que permaneceram inalterados por milhares de anos. O principal centro inicialmente foi Creta cujos reis ricos e poderosos enviavam embaixadas ao Egito com sua arte que impressionou até a civilização faraônica.  
Com o passar do tempo, dentre as cidades-estados  gregas, Atenas (a capital da Grécia) tornou-se a mais importante na história da arte. Foi nessa época que houve a maior e mais importante revolução na história da arte. Apenas não se pode precisar quando ela começou. Talvez quando os primeiros templos de pedra estavam sendo construídos, no século VI a.C. Os artistas gregos começaram a fazer estátuas de pedra do ponto em que  os egípcios  e os assírios haviam parado. 

Aquiles e Ajax jogando damas na tenda

Os pintores das cerâmicas  eram mais famosos que os escultores. Os recipientes de cerâmica pintados com diversas cenas eram conhecidos como vasos, usados mais  para conter vinho e azeite do que flores.  Essas pinturas datavam do século VI A.C. Muitos vasos mostravam Aquiles e Ajax, os dois heróis do poeta Homero,  jogando damas na tenda. São figuras mostradas de perfil, seus olhos ainda  são vistos de frente como nas pinturas egípcias.

Mas, em 500 a.C., os artistas se atreveram pela primeira vez a pintar um pé visto de frente, bem como todo o corpo. Isso não havia sido representado nas obras egípcias e assírias que os antecederam. Foi um momento fenomenal na história da  humanidade! 

Cavaleiros e cavalos, Partenon, Fídias

No século V a.C., Fídias  foi um grande escultor em mármore branco, mas a maioria de suas obras não chegaram até nós. As duas grandes obras de Fídias foram a Atena e a estátua de Zeus em Olímpia, no Partenon,  que infelizmente se  perderam.  

O Partenon, Calícrates e Ictino

O Partenon era um templo. Ele foi encomendado por Péricles, governante de Atenas,  como parte do seu programa de obras tendo sido construído na Acrópole (fortaleza) da capital Atenas. O trabalho começou em 447 a.C. quando o escultor Fídias foi incumbido de supervisionar a construção de um magnífico templo dórico para Atena, a deusa protetora da cidade. Era o Partenon. Ele foi erguido no local de templos arcaicos e destinado fundamentalmente a abrigar a Parthenos, de Fídias, uma impressionante estátua da deusa Atena de 12 m de altura, coberta de marfim e ouro. A deusa Atena era protetora da cidade de Atenas. Supõe-se que a oficina de  Fídias tenha executado todas as demais esculturas do Partenon. 

Projetado e construído em mármore pentélico pelos arquitetos Calícrates e Ictino, o Partenon tem um projeto complexo que substitui linhas retas por curvas leves. (Nota: o mármore pentélico era originário do Monte Pentélico, ao norte de Atenas; era branco com um leve tom amarelado que refletia a luz do sol. Esse mármore também era usado para esculpir estátuas.)   

Para fazer os frontões e os frisos que acompanham o perímetro do templo, foi contratado um exército de escultores e pintores. Agorácito e Alcâmenes, ambos discípulos de Fídias, são dois dos artistas que trabalharam no friso e talharam as pessoas e os cavalos da panatenéia  (festa em homenagem à deusa Atena).

Apesar dos danos e alterações sofridos através dos tempos,  o Partenon se mantém majestoso até hoje e é um poderoso símbolo das glórias da Grécia Antiga. O Partenon é também um símbolo da democracia grega e é o mais conhecido dos edifícios remanescentes da Grécia Antiga. 

O Partenon é um  dos edifícios mais famosos do mundo, sendo considerado um dos maiores monumentos culturais da história da humanidade. Atualmente,  ele está sendo restaurado. 

A deusa Atena, Fídias  

O Discóbolo, Myron

Esta estátua,  “O Discóbulo” (155 cm, 450 a.C.), feita pelo grego Myron, em bronze, mostra o atleta empunhando o disco num movimento antes de lançá-lo. Esta obra chegou até a atualidade  pela cópia romana, em mármore, que se encontra no Museo Nazionale Romano, em Roma.   Myron conquistou o movimento na escultura assim como os pintores conquistaram o espaço.

Em Atenas, os artistas passavam o dia trabalhando nas suas obras, que eram o seu sustento,  mas não eram considerados gente refinada. Contudo,  eles podiam participar de uma certa forma da democracia.  Quando a democracia atingiu seu apogeu também a arte grega atingiu o seu clímax. 

Os artistas gregos usaram a roupagem, tanto em mármore quanto em bronze, para marcar as principais divisões da anatomia humana, por isso a arte grega é admirada até hoje. Ainda em nossos dias,  os artistas buscam inspiração nas obras-primas da arte grega. (continua)

Nota 1: “A história da arte” , de E.H. Gombrich,   é uma obra fundamental para o estudo  da História da Arte internacional. Ela analisa inclusive o contexto histórico em que se deu a transformação da arte nos diversos períodos da História. Essa obra contém 688 páginas, num só volume. O exemplar que analisei pertence à Raquel, que estudou História da Arte por alguns anos quando fez Filosofia na Unicamp no início dos anos  2000. 

Nota 2: A Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (ECA-USP) tem um curso de Artes Plásticas.  É uma unidade de ensino, pesquisa e extensão das mais tradicionais do país.

A Universidade Estadual de Campinas-Unicamp tem um curso de Artes Visuais no Instituto de Artes, voltado para as artes visuais no mundo contemporâneo. É uma unidade de ensino, pesquisa e extensão, das melhores do país. 

Nota: esse excelente autor austríaco no entanto não estudou o Brasil. Mas, a Raquel  tem  duas enciclopédias  de arte brasileiras que estudam a História da Arte internacional e também do Brasil. Postagens futuras.  

Fontes: 
Gombrich, E.H. (Ernest Hans),1909-2001,  A história da arte; tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: LTC,  2009 Cagliari, Luís Carlos, Alfabetização e Linguística, Scipione, 2010

http://estudantesdearquitetura.com.br/

http://www2.eca.usp.br/cap/geral.html

https://www.comvest.unicamp.br/cursos/artes_visuais.html

Profa, Lúcia Rocha

Imagens:    
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http://res.cloudinary.com/demo/image/fetch/c_scale,h_555,e_saturation:10/http://intrometendo.com/wp-content/uploads/2009/10/piramides-do-egito.jpg


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