segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Mensagem de Rossini

Gioachino Rossini

(...) “Na Terra, tudo é grosseiro: o instrumento de tradução e o instrumento de percepção. Entre nós, tudo é sutil: vós tendes o ar, nós temos o éter; tendes um órgão que obstrui e vela; nós temos a percepção direta. Entre vós, o autor é traduzido; entre nós, ele opera sem intermediário e numa língua que exprime todas as concepções. Entretanto, essas harmonias têm a mesma fonte de origem, como a luz da Lua tem a mesma fonte de origem que a do Sol; a harmonia da Terra não é mais do que reflexo da harmonia do Espaço.

É tão indefinível a harmonia, quanto a felicidade, o temor, a cólera. É um sentimento. Só a pode compreender quem a possui e só a possui quem a tenha adquirido. O homem jovial não pode explicar a sua jovialidade; o que é timorato não pode explicar a sua timidez; podem expor os fatos que esses sentimentos provocam, defini-los, descrevê-los; mas, os sentimentos, esses se conservam inexplicados. O fato que a um causa alegria, nada a outro produzirá; o objeto que ocasiona o temor em um determinará a coragem noutro. As mesmas causas geram efeitos contrários; em física isto não existe, em metafísica existe. Existe, porque o sentimento é propriedade da alma e as almas diferem de sensibilidade entre si, de impressionabilidade, de liberdade.

A música, que é a causa segunda da harmonia percebida, penetra e transporta a um, deixando frio e indiferente a outro. É que o primeiro se acha em estado de receber a impressão que a harmonia produz ao passo que o segundo se acha em estado oposto; ele ouve o ar que vibra, mas não compreende a ideia que ele traz. Este chega a entediar-se e a adormecer, enquanto que aquele outro se entusiasma e chora. Evidentemente, o homem que goza as delícias da harmonia é muito mais elevado, mais depurado, do que aquele em quem ela não logra penetrar; sua alma, mais apta a sentir, desprende-se mais facilmente e a harmonia lhe auxilia o desprendimento; transporta-a e lhe permite ver melhor o mundo moral. Deve-se concluir daí que a música é essencialmente moralizadora, uma vez que traz a harmonia às almas e que a harmonia as eleva e engrandece.

Toda gente reconhece a influência da música sobre a alma e sobre o seu progresso. Mas, a razão dessa influência é em geral ignorada. Sua explicação está toda neste fato: que a harmonia coloca a alma sob o poder de um sentimento que a desmaterializa. Este sentimento existe em certo grau, mas desenvolve-se sob a ação de um sentimento similar mais elevado. Aquele que esteja desprovido de tal sentimento é conduzido gradativamente a adquiri-lo: acaba deixando-se penetrar por ele e arrastar ao mundo ideal, onde esquece, por instantes, os prazeres inferiores que prefere à divina harmonia.

Agora, se considerarmos que a harmonia sai do concerto do Espírito, deduziremos que a música exerce salutar influência sobre a alma e a alma que a concebe também exerce influência sobre a música. A alma virtuosa, que nutre a paixão do bem, do belo, do grandioso e que adquiriu harmonia, produzirá obras-primas capazes de penetrar as mais endurecidas almas de comovê-las. Se o compositor é terra-a-terra, como poderá exprimir a virtude de que desdenha o belo que ignora e o grandioso que não compreende? Suas composições refletirão seus gostos sensuais, sua leviandade, sua negligência. Serão ora licenciosas, ora obscenas, ora cômicas, ora burlescas; comunicarão aos ouvintes os sentimentos que exprimirem e os perverterão, em vez de melhorá-los.

O Espiritismo, com o moralizar os homens, exercerá, pois, grande influência sobre a música. Produzirá mais compositores virtuosos, que transfundirão suas virtudes ao fazerem ouvidas suas composições.

Rir-se-á menos; chorar-se-á mais; a hilaridade cederá lugar à emoção, a fealdade à beleza e o cômico à grandiosidade.

Por outro lado, os ouvintes que o Espiritismo dispuser a receber facilmente a harmonia gozarão, ouvindo a música séria, de verdadeiro encanto; desprezarão a música frívola e licenciosa, que seduz as massas. Quando o grotesco e o obsceno forem varridos pelo belo e pelo bem, desaparecerão os compositores daquela ordem, porquanto, sem ouvintes, nada ganharão, e é para ganhar que eles se emporcalham.

Oh! sim, o Espiritismo terá influência sobre a música! Como poderia não ser assim? Seu advento transformará a arte, depurando-a. Sua origem é divina, sua força o levará a toda parte onde haja homens para amar, para elevar-se e para compreender. Ele se tornará o ideal e o objetivo dos artistas. Pintores, escultores, compositores, poetas irão buscar nele suas inspirações e ele lhes fornecerá, porque é rico, é inesgotável.

O Espírito do maestro Rossini voltará, numa nova existência, a continuar a arte que ele considera a primeira de todas. O Espiritismo será seu símbolo e o inspirador de suas composições.“

Rossini

Fonte: Obras Póstumas, Allan Kardec, mensagem do maestro Gioachino Rossini, médium Nivart

http://www.vademecumespirita.com.br/goto/store/texto/661/a-musica-celeste--compreenda-a-um-pouquinho

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gioachino_Rossini

Nota de Lucia Rocha: Gioachino Rossini ( 1792-1868) foi um grande maestro e compositor italiano de óperas como “O barbeiro de Sevilha” e “Guilherme Tell”  e também de música de câmara.


Profa. Lúcia Rocha

Imagem: https://pbs.twimg.com/media/CGfrvLkXIAAKiY5.jpg

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