segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Haikai


O haikai , ou haicai (aportuguesado) ou haiku ( para os japoneses) é uma poesia de apenas 17 sílabas. Como na linguagem cinematográfica, o haicai representa uma composição de imagens que parte de um cenário geral para o particular. A ação se passa no presente, por isso o haicai é infindável; sua presença está ali, visível como uma pintura, um retrato de momento. O haicai apenas sugere, mostra de relance. Ao leitor cabe a interpretação. Surgido no Japão por volta do século XVI, o haicai valoriza a concisão e a objetividade.

No Brasil, seus representantes são Guilherme de Almeida, Millôr Fernandes e Leminski, entre outros. Para Jorge Fonseca Junior, ”o esforço de abrasileiramento do haiku”, com sua concisão e mistério, começou por volta de 1920.


BRASIL -JAPÃO


Guilherme de Almeida - presidente e fundador da Aliança Cultural Brasil Japão


Guilherme de Almeida (1890-1969), natural de Campinas, SP, foi advogado, jornalista, poeta, ensaísta, tradutor; ocupou a cadeira número 15 da Academia Brasileira de Letras. Começou a escrever haicais em 1936, ano em que conheceu o cônsul do Japão no Brasil, Kozo Ichige.
Em 1937, publicou o artigo Os Meus Haicais em que deixava claro como seria o haicai em português: um terceto com 5-7-5 sílabas, com título, sendo que o primeiro verso rima com o terceiro, além de contar com uma rima interna no segundo verso, entre a segunda e a sétima sílabas. O livro "Poesia Vária", de 1947, publicou seus haicais. Devido à sua influência sobre outros poetas, pode-se falar de uma escola guilhermina dentro do movimento haicaísta brasileiro. Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão.


Consolo 
A noite chorou
a bolha em que, sobre a folha,
o sol despertou.

Os andaimes
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.

Pescaria
Cochilo. Na linha
eu ponho a isca de um sonho.
Pesco uma estrelinha.

Romance
E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.

O haicai
Lava, escorre, agita
a areia. E enfim, na bateia,
fica uma pepita.


(Os haicais acima foram extraídos do “Suplemento Cultural” do jornal “Ordem do Dia”, da Câmara Municipal de Campinas, 2004, p.2. )


Fontes:
http://www.releituras.com/guialmeida_haicais.asp
http://www.acbj.com.br/historico.aspx
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_do_Jap%C3%A3o
http://www.nipocultura.com.br/?p=242
http://www.kakinet.com/caqui/brasil5.htm


.

2 comentários:

Seus comentários são o combustível de todo estes trabalhos... Obrigada