segunda-feira, 25 de abril de 2016

O Consumo de Álcool

Quem não consegue ir a uma festa ou passar o fim de semana sem beber deve tomar cuidado

Fim de semana, festa animada e diversão com os amigos formam o clima perfeito para exagerar no consumo de bebida alcoólica. Quem bebe esporadicamente - o famoso "bebedor social" - muitas vezes acredita que beber algumas doses a mais de vez em quando não fará mal. Mas, segundo um estudo realizado pelo Scripp´s Research Institute da Califórnia (EUA), a ingestão de grandes quantidades de álcool de uma só vez afeta o cérebro da mesma forma que o consumo frequente.

"É muito comum escutar a pessoa dizer que só bebe nos finais de semana, então não tem problema. Mas isso não é verdade, esse comportamento é de risco e representa um perigo real", alerta a psiquiatra Carla Bicca, conselheira da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead).

De acordo com Bicca, esse comportamento é mais arriscado que o de pessoas que bebem doses moderadas com frequência. "Essas pessoas acabam se expondo a mais situações de risco, como acidentes de trânsito, sexo sem proteção e brigas, além de correr um risco maior de infarto agudo do miocárdio e overdose alcóolica, o que pode até mesmo levar ao coma e à morte".

Uma linha tênue

Exagerar na bebida aos finais de semana também pode construir um padrão de consumo arriscado que pode levar ao alcoolismo. "Não é a quantidade ou a frequência de consumo que definem se a pessoa é dependente ou não", alerta Arthur Guerra de Andrade, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e presidente executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA).

De acordo com o psiquiatra, é importante atentar para o comportamento do bebedor. "O bebedor social usa o álcool sobretudo pelo sabor e consegue parar de usar quando quiser, ou seja, ele bebe se quiser e, caso não queira, simplesmente não bebe. Já o alcoolista ‘perde’ as escolhas: ele não usa o álcool pelo gosto, e sim pelo efeito", explica.

 Esse comportamento é considerado de alto risco para o desenvolvimento da dependência química.

"A pergunta que dever ser feita, então, para a pessoa que só bebe aos finais de semana é se ela consegue passar um sem beber", diz Bicca. Se ela não conseguir se imaginar numa festa sem ingerir uma bebida alcoólica, ou então um final de semana sem estar "chapado", então é preciso cuidado.

O alcoolismo se instala quando se observa uma perda de controle sobre o uso de álcool, de modo que o usuário não tem mais autonomia e se torna dependente", explica Edmilson Antunes de Campos, professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

Consequências

Geralmente, o problema com a bebida fica explícito quando ocorrem situações nas quais o álcool está influenciando negativamente a saúde física, a rotina e as relações profissionais e pessoais (por exemplo, começa a causar brigas na família, atrasos no trabalho etc).

Alguns dos sintomas da dependência são claros, como o desejo incontrolável de beber, a perda de controle (não conseguir parar depois de ter começado), tolerância (com o tempo, é necessário doses maiores para obter o efeito desejado) e sintomas físicos como sudorese, tremores e ansiedade.

Tanto no uso esporádico como no consumo frequente, o álcool causa alterações múltiplas no organismo. As primeiras reações são sonolência ou agressividade, irritabilidade, agitação, alteração de equilíbrio, vômitos e até convulsões. Em casos extremos, em que há overdose alcoólica, o consumo excessivo pode levar ao coma e à morte. "Com o uso frequente, podem surgir outros problemas como cânceres do sistema digestivo, cirrose, pancreatite alcoólica, perda de sensibilidade em membros inferiores, atrofia do cérebro (alterações de comportamento, convulsões, demência), arritmia cardíaca, e impotência sexual", alerta Bicca.

Homens e mulheres

Na hora de beber, faz diferença se você é homem ou mulher. Isso porque as mulheres possuem menor quantidade de água no organismo, o que faz com que o álcool fique mais concentrado. Assim, uma mesma quantidade de bebida afeta as mulheres mais rápido e de forma mais intensa do que os homens. Por isso, elas são mais expostas às consequências do uso de álcool e têm maior risco de desenvolver dependência do que eles.

Algumas pesquisas apontam que mesmo o consumo moderado de álcool pode trazer sérios prejuízos para a saúde. "De acordo com a literatura médica, a moderação no uso de bebidas alcoólicas pode estar relacionada com o aumento no risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, em especial o de mama, e também com o aumento no risco de anomalias fetais, com diminuição no peso e tamanho do feto", destaca Campos.

ONDE PROCURAR AJUDA
Fernando Donasci/Folhapress

O alcoolismo é uma doença crônica e, portanto, deve ser tratada. O primeiro passo é se conscientizar de que há um problema com o álcool e, então, fazer uma avaliação clínica detalhada. Esse primeiro contato pode ser feito por um clínico geral, em um posto de saúde. Mas se a dependência for constatada, a pessoa deve ser encaminhada para um especialista – geralmente um psiquiatra. Deve-se, também, analisar se existem outros problemas além da dependência, como depressão ou ansiedade (a associação desses transtornos com álcool é muito comum e demanda tratamento especifico). 

No Brasil, os mais conhecidos tratamentos gratuitos especializados em dependência química são os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) e hospitais públicos e conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). O site do Centro Cultural do Ministério da Saúde traz uma lista de todos os CAPSad por Estado. Se você acha que tem problemas com o álcool, ou conhece alguém que tenha, também pode procurar ajudar nos grupos abaixo:

Alcóolicos Anônimos –  O AA oferece ajuda 24 horas por dia, e existe em 50 países e há mais de 80 anos. Existem grupos da AA em todos os Estados brasileiros.

Al-Anon do Brasil - O Al-Anon oferece apoio para amigos e familiares dos alcoolistas, e também atua em todos os Estados Brasileiros.

Unidade de Tratamento de Alcoolistas do Instituto Philippe Pinel (UTA/IPP) O centro funciona desde 1985 no Rio de Janeiro (RJ), realizando desintoxicação e projetos terapêuticos.

Centro de Acolhimento e Tratamento de Alcoolistas (CATA) O centro é a primeira unidade de saúde da Bahia dedicada exclusivamente ao atendimento de alcoolistas, mantida integralmente pelo SUS.

O principal agente do álcool é o etanol (álcool etílico). O consumo do álcool é antigo, bebidas como vinho e cerveja possuíam conteúdo alcoólico baixo, uma vez que passavam pelo processo de fermentação. Outros tipos de bebidas alcoólicas apareceram depois, com o processo de destilação.

Apesar de o álcool possuir grande aceitação social e seu consumo ser estimulado pela sociedade, ele é uma droga psicotrópica que atua no sistema nervoso central, podendo causar dependência e mudança no comportamento.

Quando consumido em excesso, o álcool é visto como um problema de saúde, já que esse excesso pode estar ligado a acidentes de trânsito, violência e alcoolismo (quadro de dependência).

Os efeitos do álcool são percebidos em dois períodos, um que estimula e outro que deprime. No primeiro período pode ocorrer euforia e desinibição. Já no segundo momento ocorre descontrole, falta de coordenação motora e sono. Os efeitos agudos do consumo do álcool são sentidos em órgãos como o fígado, coração, vasos e estômago.

Em caso de suspensão do consumo, pode ocorrer também a síndrome da abstinência, caracterizada por confusão mental, visões, ansiedade, tremores e  convulsões.

Patrícia Lopes

Equipe Brasil Escola

Para saber mais:

http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/02/15/beber-so-de-final-de-semana-tambem-traz-riscos-para-a-saude.htm

http://brasilescola.uol.com.br/drogas/alcool.htm

Profa. Lúcia Rocha


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