segunda-feira, 4 de abril de 2016

Evangelho - Os Superiores e os Inferiores

Mickey, Fantasia

 A autoridade, tanto quanto a riqueza, é um compromisso de que terá de prestar contas aquele que a recebeu. Não julgue que lhe seja ela dada para lhe proporcionar o vão prazer de mandar ou como um direito sobre certas pessoas. Deus confere a autoridade como missão ou prova e a retira quando julga conveniente. 

Quem tenha autoridade, desde a do senhor sobre o seu servo, até a do soberano sobre o seu povo, não deve esquecer que tem almas a seu cargo; que responderá pela boa ou má diretriz que dê aos seus subordinados e que sobre ele recairão as faltas que os subordinados cometam, os vícios a que sejam arrastados em consequência dessa autoridade ou dos maus exemplos, do mesmo modo que colherá os frutos do interesse que usar para conduzi-los ao bem. 

Todo homem tem na Terra uma missão, grande ou pequena. Assim como Deus pergunta ao rico: “Que fizeste da riqueza que nas tuas mãos deveria ser uma fonte a espalhar a fecundidade ao teu derredor?” 

Também Deus perguntará a aquele que tenha alguma autoridade: “Que uso fizeste dessa autoridade? Que males evitaste? Que progresso incentivaste? Se te dei subordinados, não foi para que os fizesses escravos da tua vontade; fiz-te forte e confiei-te os que eram fracos, para que os amparasses e ajudasses a subir até mim.” 

O superior, que compreenda as palavras do Cristo, a nenhum subordinado despreza, porque sabe que os bem colocados socialmente não são superiores aos olhos de Deus. Ensina-lhe o Espiritismo que, se os subordinados hoje lhe obedecem, talvez já lhe tenham dado ordens, ou poderão dar-lhe mais tarde, e que ele então será tratado conforme os haja tratado, quando sobre eles exercia autoridade. 

Se o superior tem deveres a cumprir, o inferior, de seu lado, também os tem e não menos sagrados. Se for espírita, sua consciência lhe dirá que precisa cumprir os seus deveres mesmo quando o seu chefe deixe de cumprir os dele, porque não se deve retribuir o mal com o mal.

Se a sua posição lhe acarreta sofrimentos, reconhecerá que sem dúvida os mereceu, porque, provavelmente, abusou outrora da autoridade que tinha, cabendo-lhe, portanto, experimentar o que fizera sofressem os outros. Se se vê forçado a suportar essa posição, por não encontrar outra melhor, o Espiritismo lhe ensina a resignar-se por ser isso uma prova para a sua humildade, necessária ao seu adiantamento. Tem um sentimento do dever a cumprir, proveniente da sua fé, e a certeza de que todo afastamento do caminho reto se transforma numa dívida que, cedo ou tarde, terá de pagar. 

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Fonte: Karde, Allan; O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XVII, 9; trad. Guillon Ribeiro; RJ, FEB, 2009

Profª Lúcia Rocha

Imagem: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-2154/fotos/detalhe/?cmediafile=18917948

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