segunda-feira, 1 de junho de 2015

Controle o seu Estresse 2

Como administrar o estresse
 A técnica do DCD (duvidar, criticar, determinar)

Essa excelente técnica para gerenciar os pensamentos  constitui-se de três pilares que são as pérolas da inteligência humana: a “arte de duvidar” é o princípio da sabedoria na filosofia; a “arte de criticar” ´o princípio da sabedoria na psicologia; e a “arte da determinação estratégica” é o princípio da sabedoria na área de recursos humanos.

A técnica do DCD deve ser aplicada no silêncio da mente várias vezes por dia, com emoção e coragem. Você deve, a cada momento, duvidar de tudo o que o controla, criticar todo pensamento perturbador e determinar estrategicamente aonde quer chegar.

Duvide de todas as suas falsas crenças. Duvide de que não consiga superar seus conflitos, suas dificuldades,  seus desafios, seus medos, sua dependência. Duvide de que não consiga ser autêntico, transparente e honesto consigo mesmo. Duvide de que não consiga ser livre nem autor da própria história. Duvide de que não consiga brilhar como pai/mãe, ser humano e profissional. Lembre-se de que tudo aquilo em que você crê o controla. Se não duvidar frequentemente das suas falsas crenças, elas o escravizarão e você não conseguirá reeditar o filme do inconsciente.

Critique cada ideia pessimista, cada preocupação excessiva e cada pensamento angustiante. Jamais se esqueça de que cada pensamento negativo deve ser combatido pela arte da crítica. Seu Eu tem  de deixar de ser passivo, tem de questionar a raiva, o ódio a inveja. Critique a ansiedade, a agitação mental, a necessidade de estar em evidência social. Questione seu medo do futuro, de não ser aceito, de falhar.

Após exercer a arte de duvidar e criticar no palco da mente, pratique o terceiro estágio da técnica: determine estrategicamente ser livre, não ser escravo dos seus conflitos. Entre desejar e determinar, há uma lacuna imensa. Não basta desejar, é preciso determinar com disciplina, mesmo que o mundo desabe sobre você. Determine lutar por seus sonhos, ter uma mente saudável e generosa. Decida continuamente ter um romance com a própria história e jamais se abandonar. Determine aprender todos os dias a agradecer mais e reclamar menos, a abraçar mais e julgar menos, a elogiar mais e condenar menos. 

Aplique a técnica dezenas de vezes por dia, com muita garra e vontade de reorganizar e reescrever sua história, como se fosse o grito de liberdade de alguém que sai da condição de espectador passivo na plateia, entra no teatro da mente e proclama: “Eu escreverei o script da minha história!” .

(...) Mas não se esqueça de que determinar ser livre só tem efeito se primeiro você treinar a arte de duvidar e criticar. Caso contrário, a arte de determinar se tornará uma técnica de motivação superficial que não suportará o calor dos problemas da segunda-feira. (...) Não basta desejar ser livre. É necessário construir a liberdade.” (p.46-49)

O Eu pode estressar o cérebro ou protegê-lo
Os diversos tipos de Eu doente

O Eu doente é lento para perceber as milhares de luzes vermelhas no painel da saúde psíquica e do estresse cerebral. Somos incoerentes no único lugar em que deveríamos ser marcadamente inteligentes e saudáveis: dentro de nós.

As escolas secundárias e as universidades preparam os alunos para aprender matemática, mas não preparam o Eu de cada um para conhecer a matemática das relações sociais em que, por exemplo, dividir é aumentar.

Na matemática numérica, toda divisão diminui os números, mas nas relações ocorre o contrário. Alunos que não aprendem a dividir sua atenção, sentimentos, tempo e respeito desenvolvem não apenas um estresse cerebral que não se resolve, mas também um Eu egocêntrico, individualista, que não sabe nem trabalhar em equipe nem se preocupar com as angústias dos outros. Professores que só sabem transmitir informações, mas não conseguem dividir momentos importantes da própria história com os alunos estão aptos a programar computadores, mas não a formar pensadores afetivos, altruístas, generosos e que preservam o cérebro de um estresse doentio.  Além disso, tais professores também estressam o próprio cérebro, polis ensinam sem tempero, sem encantar, sem emoção.

Crianças e adolescentes que não aprendem a dividir suas roupas e outros objetos com os irmãos ou os amigos poderão pautar sua personalidade por disputas irracionais no futuro, não beberão das águas da tranquilidade e da solidariedade. Quem é individualista estressa seu cérebro e o dos seus íntimos. Um Eu superficial tem mais possibilidade de educar um Eu superficial. Um Eu doente tem mais chance de formar um Eu também doente.  (p.53-54)

O Eu engenheiro

O Eu saudável deve ser um engenheiro de janelas (arquivos) light, um protetor da memória, um agente que abranda o estresse cerebral. Mas nosso Eu é um líder de si mesmo?

Nossa carga genética, o ambiente intrauterino, as relações familiares e o sistema educacional contribuem para a formação de milhares de janelas (arquivos) com milhões de experiências. Entretanto, durante o processo de formação da personalidade, à medida que a criança começa a determinar o que quer, o Eu deveria começar a proteger sua emoção, a filtrar estímulos estressantes e a fazer suas escolhas.

Durante a adolescência, o Eu deveria proteger a memória com a técnica do DCD (Duvidar, Criticar, Determinar), bem como ter brilhantes habilidades para deixar de ser vítima dos conflitos psíquicos e sociais e até das influências genéticas e passar a ser protagonista da própria história. 

Na vida adulta o Eu deveria ser um eficiente arquiteto de sua história. Deveria ter consciência dos seus papéis e exercê-los com maturidade. Ninguém poderá fazer essa tarefa pelo Eu. No máximo, poderá receber ajuda de um psiquiatra ou psicoterapeuta. Assim como, no máximo, poderá ser influenciado por pais, professores, amigos, filósofos, religiosos, livros e informações.

Um “Eu coitadista”, com pena de si mesmo, estéril, que se acha azarado, incapaz de mudar seu status quo ou um “Eu conformista”, acomodado, que vive na lama do continuísmo, que não se arrisca a andar por lugares nunca antes percorridos viverá no cárcere do tédio, não será um engenheiro da própria história.

Um Eu engenheiro determinará seu futuro emocional, seu sucesso em produzir relações saudáveis e até sua eficiência em libertar a criatividade. Infelizmente, somos hábeis em explorar jazidas de petróleo, de minérios, alguns também são especialistas em reivindicar seus direitos sociais, mas não em explorar seu psiquismo e reivindicar seus direitos intrapsíquicos: uma mente livre, uma emoção saudável, um intelecto relaxado, uma inteligência criativa.

Mas não adianta só usar os direitos garantidos pela Constituição de nosso país. O grande fiador desses direitos é a formação de um Eu autoconsciente, autocrítico, coerente, dosado, determinado e com níveis elevados de ousadia. Mas onde se encontra esse Eu? Onde ele é bem-formado? Em que microcosmo da sala de casa ele é nutrido, trabalhado, lapidado, equipado?

Não seria exagero dizer que, infelizmente, o Eu do ser humano moderno é frequentemente anoréxico, magérrimo, esquálido. Inclusive pessoas excessivamente críticas, que não têm papas na língua, que falam tudo o que vem à mente também têm um Eu desnutrido, que não sabe ter autocontrole. Vivem estressadas e estressando seus filhos, cônjuge, alunos, colegas de trabalho. Podem ser ótimas para criticar os outros, ousadas para falar o que pensam, mas infantis para se repensar e se proteger.

Gerenciar os pensamentos é ser livre para pensar e não escravo dos pensamentos. 

O sentimento de culpa intenso assalta a mente, fecha o circuito da memória, produzindo autopunição e não correção de rotas. A culpa dosada corrige rotas; a culpa intensa destrói os caminhos! A maior vingança contra um inimigo é compreender e perdoar, inclusive se perdoar. 

Pensar com consciência é ótimo. Pensar demais e sem gerenciamento é uma bomba contra o estresse cerebral. Monitore a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Não seja uma máquina de trabalhar, de se preocupar, de infindáveis atividades. Exercite não sofrer por antecipação. Treine não ter uma mente agitada, ansiosa, irritadiça, que tem baixa tolerância às frustrações. Nunca se esqueça de que os fortes são pacientes, enquanto os frágeis não dão uma nova chance nem para si, nem para os outros.

Recicle todos os dias as ideias perturbadoras, as fobias, o sentimento de incapacidade, a preocupação excessiva com o que os outros pensam e falam de você. Tenha consciência dos atores e coadjuvantes no teatro da mente que constroem pensamentos, mas não os deixe dominar o palco, controlar seu Eu. Para encontrar seu ponto satisfatório de equilíbrio mental e emocional é necessário treinamento.

Mas lembre-se sempre de que não existe equilíbrio perfeito, nem pessoas perfeitas nem, muito menos, cérebros sem estresse. O que existe são pessoas que sabem usar técnicas psicológicas e educacionais para equipar seu Eu para ser líder de si mesmo e para manter um caso de amor com sua qualidade de vida.” (p.56-61). Fim

(Controle o estresse. Saiba como encontrar equilíbrio, 61 p.,  2014, Coleção Augusto Cury, Ph.D., psicanalista). Obs. Livro de bolso.

Profa. Lúcia Rocha

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