segunda-feira, 26 de outubro de 2015

História Geral - Antiguidade 2

Legado da Civilização Grega: filosofia, democracia, artes e teatro

A filosofia é uma das mais importantes contribuições da civilização grega para a posteridade.  O tão afamado “gosto” que os gregos possuíam pela sabedoria pode ser considerado como um item que influiu na construção de outros diferentes aspectos desta sociedade. A constituição do regime democrático na Grécia antiga contribuiu para o desenvolvimento da filosofia.  

Antes do surgimento da democracia, o regime político grego era controlado pelos grandes proprietários de terra. O privilégio e o nascimento eram os critérios para que as instituições políticas fossem organizadas nas mãos de uma minoria. Com o aparecimento do ideal democrático, essa minoria perdeu lugar para a figura de um cidadão capaz de argumentar, fazer escolhas, criticar concepções e defender perspectivas. 

Toda essa capacidade exigida desse novo cidadão abriu espaço para que os jovens fossem preparados para o exercício da cidadania. Foi nesse período que surgiram os sofistas que criticaram sistematicamente os pensadores cosmologistas. Estes filósofos  explicavam racionalmente as origens do mundo, a personalidade do homem e a ordenação da natureza. Em contrapartida, os sofistas ignoravam essas questões dizendo que o convencimento das ideias era o que importava. 

A concepção dos sofistas ganhou força no regime democrático, pois que nas assembleias havia discussões entre os cidadãos para a elaboração e aprovação das leis. Entre os principais mestres do sofismo destacava-se Isócrates de Atenas, Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini. Mesmo conseguindo arrebanhar diferentes seguidores, os sofistas sofreram uma crítica sistemática de outros filósofos, como o grego Sócrates. 

Segundo Sócrates, as ideias deveriam contar com um profundo processo reflexivo para que pudessem alcançar um critério de verdade. Por isso, Sócrates convocava os cidadãos de Atenas a conhecerem a si mesmos. O poder de convencer por meio da reflexão socrática demonstrava um distanciamento dos discursos sofistas. 

Assim, a instalação do regime democrático e a discussão das ideias promoveu uma interessante  desenvolvimento da filosofia. Mais importante do que saber qual destes pensadores tinha razão,  a filosofia não nasceu por meio de ideias puras, mas surgiu da dúvida e se desenvolveu com o debate filosófico. 

Artes gregas

Em contato com os fenícios , nos primórdios da sua civilização, os gregos desenvolveram o comércio, a navegação, e com eles aprenderam a arte da escrita. Os gregos, principalmente os atenienses, eram dinâmicos e curiosos, adoravam novidades e mudanças. Essa característica os levou a desenvolver uma arte e uma cultura sem igual, com a criação de uma mitologia particularmente rica, da filosofia, do teatro, e de revoluções esportivas, com a instituição das Olimpíadas, realizadas de quatro em quatro anos, em honra a Zeus (o principal deus grego),  concepções que até hoje compõem o tesouro cultural da humanidade.

Esta produção artística ficou conhecida como arte micênica, incluindo a elaborada no continente e nas ilhas, com exceção de Creta, onde se desenvolvia um estilo diferente, o minoico. 

Os artistas gregos buscavam exprimir o que contemplavam na Natureza, buscando  expressar em suas obras a perfeição, a harmonia, o equilíbrio e o ritmo ideais. Entusiasmados com a vida, apaixonados pelo presente, eles eram seres racionais, sob o governo de homens que não se igualavam aos deuses, mas que buscavam também na política a expressão maior, daí o exercício da democracia pelos atenienses.

Os deuses deram lugar aos homens no centro do universo, ou seja, ao antropocentrismo , que, ao lado do racionalismo e da procura das proporções e medidas perfeitas, marca a pintura, a arquitetura e a escultura gregas. Após uma fase de influência mesopotâmica, a arte grega conheceu um período de fertilidade e maturidade, durante o período arcaico, que durou até 475 a.C. 

A base da produção artística posterior foi construída neste momento, com a definição de seus pilares estéticos. Depois de enfrentar os persas nos campos de batalha, a arte grega obteve uma conquista importante, a de sua autonomia cultural na região mediterrânica. A fase clássica estendeu-se de 475 a.C. até 323 a.C., constituindo o último período artístico essencialmente grego. Esta etapa, liderada por Atenas e sob o governo de Péricles, protagonizou uma espécie de idade de ouro grega.

Na arquitetura, os templos foram edificados a partir do século VII. Os primeiros eram uma espécie de cabana, construída com madeira, cascalho ou tijolos de barro, algumas vezes com tetos de folhas. Colunas de pedra são egressas do século VI, momento em que os arquitetos passam a desenvolver o trilito – dois pilares de sustentação com um fecho horizontal. Os templos gregos apresentavam uma harmonia simétrica entre o átrio de entrada e o dos fundos. 

O mais importante é o Partenon,  em Atenas. Além dos templos, os teatros, os ginásios esportivos e as ágoras (locais de reunião dos gregos, nos quais eles se concentravam para debater os assuntos mais variados),  são exemplos conhecidos da arquitetura grega.

Na pintura, a expressão maior era a arte da cerâmica. Os vasos gregos são muito conhecidos por seu colorido, sua harmonia, o equilíbrio de suas formas, a busca da perfeição. Utilizados em rituais religiosos, tinham também objetivos funcionais como armazenar água, vinho, azeite e mantimentos. Suas formas correspondiam estritamente ao seu uso. Suas pinturas reproduziam cenas cotidianas dos gregos e também passagens da mitologia grega.

As esculturas gregas expressam os esforços artísticos mais sublimes, de certa forma até hoje insuperáveis. Representam o ideal grego de perfeição, o antropocentrismo, o equilíbrio e o movimento em seu grau mais elevado. As do período arcaico foram profundamente influenciadas pelos mesopotâmicos, egípcios e artistas da Ásia Menor. Duas modalidades se destacam neste período – o Kouros, figura masculina, e a Koré, imagem feminina. Escultores do século VI e princípio do V estudaram detalhadamente o corpo humano, incrementando nas estátuas desta época suas proporções e medidas. 

No período clássico  passa-se a procurar o movimento, usando-se então o bronze, mais resistente que o mármore. As figuras femininas são libertas de suas roupas, surgindo assim estátuas de mulheres nuas. No período helenístico, já sob a influência romana, os seres são representados não mais conforme idade ou personalidade, mas também segundo suas emoções ou estados de espírito. Uma grande vitória atinge os escultores: alcançam a arte de representar grupos de figuras, mantendo a aparência de movimento e a beleza sob todos os ângulos de observação. Os principais escultores gregos da era clássica foram Praxíteles, Policleto, Fídias, Lisipo e Miron.

Vaso grego

O discóbolo

Teatro grego

Durante o período clássico da história da Grécia (século V a.C.) foram estabelecidos os estilos mais conhecidos de teatro: a tragédia e a comédia. Ésquilo e Sófocles são os dramaturgos de maior importância desta época. Aristófanes escreveu sátiras à sociedade ateniense. 

Nesta época clássica foram construídos diversos teatros ao ar livre. Eram aproveitadas montanhas e colinas de pedra para servirem de suporte para as arquibancadas. A acústica (propagação do som) era perfeita, de tal forma que a pessoa sentada na última fileira (parte superior) podia ouvir tão bem a voz dos atores, quanto quem estivesse sentado na primeira fileira.

 Os atores representavam usando máscaras e túnicas de acordo com o personagem e mímica. Muitas vezes, eram montados cenários bem decorados para dar maior realismo à encenação. Diversas peças são até hoje encenadas, como “Édipo rei”, de Sófocles (427 a.C.). No início do século XX,  Sigmund Freud, criador da psicanálise,  levou o mito de Édipo para a psicanálise. 

Édipo e a esfinge, Ingres

Mitologia grega

No período histórico antes de Cristo,  as religiões eram politeístas, isto é,  os homens adoravam vários deuses. 

Os gregos buscavam explicar os acontecimentos terrenos com base no que acontecia no Olimpo, monte onde eles acreditavam  que os deuses viviam.

Principais deuses gregos: Zeus (o líder); Hades (deus do mundo subterrâneo), Poseidon (deus dos oceanos), Hera (esposa de Zeus), Afrodite (deusa do amor e da beleza feminina), Atena (deusa da sabedoria), Apolo (deus do sol e da beleza masculina), Artemis (deusa da caça), Ares (deus da guerra), Eros (deus do amor), Cronos (deus do tempo), Hermes (mensageiro) e Ceres (deusa da agricultura). 

A mitologia grega é uma das mais conhecidas até hoje.

Poseidon

Entre as civilizações nascidas na Antiguidade, a civilização grega foi a que legou ao mundo ocidental os elementos essenciais para a sua constituição, como a democracia, a filosofia e as artes. 

Por Rainer Sousa 

Mestre em História

Fontes:

http://www.mundoeducacao.com/historiageral/idade-antiga.htm

http://www.mundoeducacao.com/historiageral/filosofia-democracia.htm

http://www.infoescola.com/artes/arte-grega/

Profa. Lúcia Rocha

Imagens:

https://viciodapoesia.files.wordpress.com/2013/08/a-calix-krater.jpg

http://dietpill-reviews.co.uk/wp-content/uploads/2013/06/greek-athlete.jpg

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/04/IngresOdipusAndSphinx.jpg

http://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2013/06/poseidon.jpg

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