A Europa católica, século XVII
A história da arte às vezes é descrita como a história de uma sucessão de vários estilos. O estilo que sucedeu ao Renascimento ou Renascença é usualmente chamado barroco. A palavra barroco foi empregada pelos críticos de um período ulterior que lutavam contra as tendências seiscentistas e queriam expô-las ao ridículo. Barroco, realmente significa absurdo ou grotesco, e era empregado por homens que insistiam em que as formas das construções clássicas jamais deveriam ser usadas ou combinadas senão da maneira adotada por gregos e romanos.
Michelangelo Caravaggio, homem de temperamento impetuoso e irado era extremamente suscetível à menor ofensa e até capaz de apunhalar um desafeto. Mas, sua obra seguiu rumos diferentes. Ele queria retratar a verdade tal como podia vê-la. Muitos achavam que ele não tinha o menor respeito pela tradição. Foi chamado de naturalista. Suas obras não perderam o arrojo por três séculos, desde que ele as criou. Assim, no quadro de São Tomé um dos apóstolos enfia o dedo na ferida de Jesus. As pessoas achavam esse retrato ultrajante. Mas, ele leu detidamente a Bíblia para retratar seus personagens. Ele trabalhou em Roma que então era o centro cultural.
Guido Reni pintou “Aurora” com as Horas, moças que dançavam precedidas pela figura de uma criança com um archote, a Estrela matutina. Ele faz lembrar Rafael em seus afrescos na Farnesina.
Aurora, Guido Reni
O maior dos mestres “acadêmicos” foi Nicolas Poussin (2594-1665) que fez de Roma sua cidade adotiva. Ele estudou as estátuas clássicas com fervoroso empenho para fazer suas pinturas como Et in Arcadia ego (E na Arcádia estou).
Et in Arcadia ego, Poussin
O flamengo Peter Paul Rubens chegou a Roma em 1600, aos 23 anos. Rubens admirava as pinturas de histórias e mitos de Carracci e admirava o naturalismo de Caravaggio. Há mais movimento, luz e cores em seu quadro do que em qualquer dos anteriores como em “Virgem e Menino entronizados com santos”
Virgem e Menino entronizados com santos, Rubens
Cabeça de Clara Serena, Rubens
Clara Serena era a filha do artista. Entre os principais discípulos de Rubens e seu ajudante estava o mais independente, Anthony van Dyck (1599-1641). Ele pintou depois a aristocracia inglesa como “Lord John e Lord Bernard Stuart.
Lord John e Lord Bernard Stuart, Van Dyck
Rubens conheceu o espanhol Diego Velasquez. Este estudara o naturalismo das obras de Caravaggio através de copiadores. A conselho de Rubens, Velasquez foi a Roma estudar as pinturas dos grandes mestres, mas logo regressou a Madri. Sua principal tarefa era pintar retratos do rei Filipe IV e dos membros da família real. Essas pessoas eram feias e se vestiam de modo complicado. Mas, Velzasquez transformou esses retratos nas obras mais fascinantes que o mundo já viu, como num passe de mágica. Tinha estudado a técnica de pincel de Rubens e Ticiano. Ninguém pode deixar de ver sua obra prima que é o retrato do Papa Inocêncio X no Palazzo Doria Pamphili.
Papa Inocêncio X, Velasquez
No quadro “Las meninas”, vemos o próprio Velasquez trabalhando numa tela enorme. O espelho da parede do fundo reflete as figuras do Rei e da Rainha que estão posando para o retrato. A menina da frente, Marguerita, é a filha do régio casal, ladeada por duas damas de honra, uma delas servindo-lhe um lanche, enquanto a outra faz uma reverência ao casal real. Os dois anões (a mulher feia e o homem com o cão), a corte os mantinha para divertir-se. Os austeros adultos do fundo parecem zelar pela boa conduta dos visitantes.
(Continua)
Las meninas, Velasquez
Fonte:
Gombrich, E.H., A História da Arte, Rio de Janeiro, KLTC, 2009
Profa. Lúcia Rocha
Imagens:
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