sábado, 7 de setembro de 2013

GRANDES VULTOS FEMININOS - CECILIA MEIRELES







Cecília Meireles (1901-1964) nasceu no Rio de Janeiro. Órfã de pai e mãe, aos três anos passou a ser criada por sua avó materna. Aos 9 anos fez sua primeira poesia. Foram a solidão e o silêncio que fizeram dela poetisa desde cedo. Aos 18 anos, estreou na literatura com o livro “Espectros”. Além de poetisa, foi professora, jornalista e pintora. Em 1934, fundou a biblioteca infantil do Rio de Janeiro, a primeira biblioteca infantil do Brasil. Escreveu também poemas infantis como “O cavalinho branco”, “Colar de Carolina”, “Sonhos de menina”, “O menino azul”, entre outros. Em 1939, recebeu o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras pelo livro “Viagem”.

Em 1940, lecionou Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas. Em Lisboa e Coimbra, proferiu conferência sobre a Literatura Brasileira. Em Lisboa, publicou o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações de sua autoria. Sua poesia foi traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu.

Na maioria de suas obras predominam os sentimentos de perda amorosa e solidão. Contudo, temos de considerar a musicalidade dos seus versos. Poemas como "Canteiros" e "Motivo" foram musicados pelo cantor Fagner. Em 1989, foi homenageada pelo Banco Central com sua esfinge na cédula de cem cruzados novos. Foi a primeira grande expressão feminina da literatura brasileira com mais de 50 obras publicadas.




“Ou Isto ou Aquilo
(Cecilia Meireles)


Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.”



"Meu sonho
(Cecilia Meireles)

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
- mais nada.”



"Retrato
(Cecilia Meireles)

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?”



Fonte:
www.idademaior.com.br
http://www.releituras.com/cmeireles_bio.asp

http://www.e-biografias.net/cecilia_meireles/
http://www.aindamelhor.com/poesia/poesias11-cecilia-meireles.php
http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/retrato.htm 




Um comentário:

  1. Adoro Cecília Meireles! Conheci a poesia "Ou isto ou aquilo" quando era criança e nunca mais me esqueci dela. Parabéns pela escolha do tema!

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