Esta é uma história real. Dona Carolina era modista famosa numa cidade do interior paulista. Contava entre sua clientela senhoras e moças da melhor sociedade local. Certa vez, uma cliente encomendou-lhe um vestido de seda azul, fina e trabalhosa peça para festas. A cliente veio fazer a última prova. Então disse:
– Ficou lindo! Igualzinho à revista de moda. A senhora tem mãos de fada. Mas... eu quero que encurte a barra em um centímetro.
A modista concordou, esboçando um sorriso. A cliente foi embora. Dona Carolina pendurou o vestido no cabide, guardou-o cuidadosamente no armário da oficina. Analisando o pedido da cliente, a modista sabia que um centímetro não fazia a menor diferença num comprimento bem abaixo dos joelhos. Mas, encurtar a barra, isto sim, significava trabalho dobrado, pois havia a barra do vestido e também a do forro, acabamentos feitos à mão, como mandava a alta costura. Assoberbada com as festas do final do ano, a modista não podia perder tempo com um mero capricho. Por isso, não teve dúvida: não tocou no vestido. Passados alguns dias, chamou a cliente para fazer nova prova. Experimentando o vestido diante do espelho, a exigente senhora disse à Dona Carolina:
– Agora, sim. Está perfeito!
Satisfeita, a cliente pagou a modista e levou o vestido.
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