segunda-feira, 14 de julho de 2014

Filosofia - A Cultura para a Sociedade


Segundo Daniela Ades, no dia 21 de novembro de 2013, o IDS (Instituto Desenvolvimento e Sustentabilidade) recebeu o filósofo e professor da Universidade São Paulo Renato Janine Ribeiro para uma Roda de Conversa sobre A Cultura para a sociedade.

Nos primeiros dez minutos da conversa, o professor deixa a seguinte pergunta: será que tentar organizar a Cultura, como se faz com a Ciência e a Tecnologia, não seria tolher o processo criativo? 

A conversa seguiu instigando os participantes a refletirem sobre a Cultura como algo não utilitário, algo que não precisa ter uma finalidade, algo que pode apenas acontecer. 

Segundo o professor, a arte de conversar surgiu quando, em 1483, a corte de nobres do rei Ricardo III da Inglaterra precisava aguardar por horas a sua passagem. Enquanto isso, tinha que conversar sobre amenidades.

“O ‘jogar conversa fora’ tem um sentido de que a conversa não se acumula, não é algo que vamos juntando e conseguimos lançar na poupança um tanto de conversa. Pelo contrário, é algo generoso”.

O professor explica que um primeiro sentido da Cultura está relacionado às grandes obras eruditas, inclusive à literatura e filosofia, restritas à elite, uma vez que outrora eram produzidas por aqueles que dispunham do tempo. A Cultura, portanto, era pensada e produzida a partir do ócio, deste tempo para pensar. O ócio era um privilégio desfrutado por poucos. E explica a transição para a valorização do negócio, que na origem da palavra significa “negar o ócio”, e era um espaço para discutir os assuntos públicos por excelência. Isso começou na Roma antiga. 

O professor ressalta a diferença dessa época para a que vivemos hoje. “Cem anos atrás o ócio era usado para pensar mais profundamente. Hoje, o ócio é uma situação de 'não pensar'”. Ele diz que é importante reverter a ideia de que o business tem como seu excedente ou sobra o lazer: “Que por sua vez também é um gigantesco business”.

O segundo sentido da palavra Cultura é o antropológico, que ele conceitua como um conjunto de significados que determinado grupo social atribui a práticas, instituições e coisas. Com isso, um objeto que tem importância para um grupo, pode não ter o mesmo valor para outro. Este é um ponto crucial, pois permite uma valorização daqueles que antes eram considerados “incultos”, na época em que havia grande distinção entre o mundo da elite e dos que não tinham acesso a nada. “É uma distinção que passa a ter sentido, porque começa a se valorizar esta cultura que era ignorada, e que se torna fundamental”, afirmou o filósofo.

Ele diz que não se pode pensar em políticas públicas culturais sem considerar esta diversidade.

Renato Janine Ribeiro finalizou sua exposição dizendo: “Paramos de prezar essa ideia da Cultura como enfeite, adorno. Começamos a pensar no que fazemos com isso. Vamos querer muito mais da Cultura, a possibilidade de generalizar o acesso, conhecer melhor a diversidade". Afinal de contas, ele diz que todo este vasto universo é para oferecer liberdade.

 Na rodada de perguntas foram abordados temas como a internet, a educação e como é importante inserir práticas culturais no ensino – a apropriação local da Cultura - e a mudança nas culturas de populações tradicionais.

http://www.idsbrasil.net/display/IS/2013/11/26/A+Cultura+para+a+sociedade,+segundo+Renato+Janine+Ribeiro

Profa. Lucia Rocha

Imagem: http://www.idsbrasil.net/download/attachments/21266568/cultura.janinejpg.jpg?version=1&modificationDate=1385493068000&api=v2

Um comentário:

  1. É muito importante valorizar a cultura! Ela é algo que só nós, seres humanos, somos capazes de produzir! Toda forma de cultura é importante!

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