quarta-feira, 24 de julho de 2013

Adoniran Barbosa


João Rubinato (1910-1982) nasceu em Valinhos, SP. Foi compositor, cantor, humorista e ator. Adoniran Barbosa era um personagem que João representava no rádio. Tamanho foi o sucesso que o compositor  acabou se confundindo com o personagem. Filho de imigrantes italianos, depois de muitas andanças com a família, estabeleceu-se em São Paulo. Ficou conhecido como o pai do samba paulista. 
Suas músicas  são o retrato da linguagem popular paulistana. O humor com que descreve as cenas do cotidiano, os despejados das favelas, os engraxates, a mulher submissa que se revolta e abandona a casa, o homem existencialmente solitário estão representados  nas suas criações.
 Suas principais composições são: Saudosa maloca,  Samba do Arnesto, As mariposas, Iracema, Tiro ao Álvaro, Trem das Onze. O seu primeiro sucesso foi Trem das Onze, hoje peça obrigatória numa roda de samba e nas casas de show.





Estrangeirismo na fala brasileira – a influência italiana
O sotaque e a cultura italiana nunca estiveram tão presentes no imaginário popular quanto em 2010, ano em que se comemorou o centenário de Adoniran Barbosa.

Mesmo tanto tempo depois, a linguagem espontânea de Adoniran ainda se faz sentir na fala brasileira sobretudo em bairros tradicionais paulistanos como Bexiga, Brás e Barra Funda, além da própria Mooca, cujo sotaque característico está para ser tombado como patrimônio cultural. As canções de Adoniran tinham o caráter de crônicas, ora bem-humoradas, ora trágicas, sobre um povo que veio trabalhar principalmente na construção civil da capital paulistana na primeira metade do século XX.

Ele reproduzia o linguajar direto e espontâneo do povo, preocupando-se mais com a fluência e

expressividade do que com detalhes gramaticais, como afirma Ayrton Mugnaini Jr, autor do livro Adoniran: Dá Licença de Contar...


Vocabulário

Entre as expressões imortalizadas pelo compositor, estão "tiro ao álvaro", "adifício", "homes", "cobertô", "truxe", "táuba", "frechada", "ponhado", "revórver", "lâmpida" e os versos de Samba do Arnesto: "O Arnesto nos convidô prum samba, ele mora no Brás / Nóis fumo e não encontremo ninguém / Nóis vortemo cuma baita duma reiva / Da outra veiz nóis num vai mais".



SAUDOSA MALOCA

Si o senhor não "tá" lembrado
Dá licença de "contá"
Que aqui onde agora está
Esse "edifício arto"
Era uma casa véia
Um palacete assombradado
Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímo nossa maloca
Mais, um dia
Nóis nem pode se alembrá
Veio os homi c'as ferramentas
O dono mandô derrubá.

Peguemo todas nossas coisas
E fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada táuba que caía
Duia no coração
Mato Grosso quis gritá
Mais em cima eu falei:
Os homis tá cá razão
Nós arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou:
"Deus dá o frio conforme o cobertor"
E hoje nóis pega as páia nas grama do jardim
E prá esquecê nóis cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida,
Dim dim donde nóis passemos  dias filiz de nossas vidas
Saudosa maloca, maloca querida,
Dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossas vidas.







Fontes:
http://www.mapadacachaca.com.br
http://www.estadao.com.br

http://catracalivre.com.br
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adoniran_Barbosa
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/portugues/redacao/vicios_de_linguagem/italianismo


 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seus comentários são o combustível de todo estes trabalhos... Obrigada